Atualização da Selic cria chance de lucrar. 4 ações que podem se beneficiar com corte de juros

Saiba como preparar a carteira para o início do corte nos juros e quais ações oferecem grande potencial de valorização nos próximos meses com as novas atualizações da selic.

Marilia Fontes 25/05/2023 11:00 5 min Atualizado em: 11/07/2023 13:37
Atualização da Selic cria chance de lucrar. 4 ações que podem se beneficiar com corte de juros

Com a expectativa para o início de cortes de juros no segundo semestre, a tendência é que as ações se valorizem na bolsa nos próximos meses.

A queda da taxa básica de juros resulta em ventos mais favoráveis para ativos de risco, especialmente aqueles que foram muito descontados ao longo do processo de alta da Selic dos últimos dois anos.

Durante esse período, tivemos empresas de crescimento cujas ações caíram 80%.

Com o ciclo de alta da Selic, ações de empresas de crescimento caíram mais de 90%
Variação do Ibovespa (linha branca), LREN3 (rosa), RDOR3 (laranja), PETZ (azul claro), INBR32 (azul escuro). Fonte: Bloomberg

Cenário para corte de juros

Talvez você se pergunte: “Mas Marilia, o que falta para o Banco Central baixar os juros no Brasil?”.

Não é só ter um arcabouço fiscal — regra que substitui o teto de gastos. É ter um arcabouço fiscal crível que possa retomar uma trajetória de queda da dívida pública.

A Câmara dos Deputados aprovou na noite de terça-feira, 23, o texto-base do arcabouço fiscal, por 372 votos a 108.

Os parlamentares agora precisam analisar nesta quarta-feira, 24, os destaques de bancada com sugestões de modificações ao texto votado. Após essa etapa, o texto seguirá para o Senado.

A versão aprovada pelos congressistas trouxe algumas modificações em relação ao texto distribuído pelo relator na semana passada, como a retirada do aumento automático de 2,5% acima da inflação das despesas em 2024, o que deve ser muito bem recebido pelo mercado.

No entanto, a nova regra para controlar as contas públicas do governo segue inferior ao teto de gastos. Faltam mecanismos para obrigar a realização de alguns cortes caso a regra não se cumpra.

O Banco Central, por sua vez, informou que a relação entre o arcabouço e a política monetária não é mecânica. O que realmente importa para o BC é o efeito do arcabouço sobre as expectativas do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos próximos anos, que pararam de subir, mas continuam acima das metas.

Expectativa do Focus para o IPCA

Ou seja, um arcabouço crível (inclusive em sua implementação) seria capaz de causar quedas nas expectativas de inflação com a perspectiva do mercado de uma regra capaz de garantir uma trajetória de queda na relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto), de modo a garantir uma economia com crescimento sustentável no longo prazo.

Se o texto sair mais rígido nesse sentido, eu acho que será muito positivo. O mercado deve reagir positivamente e fica até mais provável o espaço de queda de juros ainda neste ano.

É hora de comprar ações baratas

O fato é que, no Brasil, não teremos mais ciclos de alta e vamos começar a ter queda. Por mais que ainda haja dúvidas de quando vai começar a queda, já sabemos que esse movimento vai acontecer.

Agora, as empresas estão muito baratas, o que representa um excelente momento para compras. O investidor tem a chance de investir em boas companhias a múltiplos bem baratos, e com a vantagem de conseguir antecipar esse momento de ciclo de queda de juros, quando as ações devem valorizar bastante.

Quais empresas se beneficiam com a baixa da Selic?

Gosto das empresas de crescimento (companhias que ainda não atingiram o seu potencial de desenvolvimento no mercado. Ou seja, o seu negócio ainda pode crescer) que são mais sensíveis à política monetária porque foram as que mais sofreram nos últimos dois anos. Tivemos companhias de crescimento cujas ações caíram 80%. Acredito que essas empresas serão as campeãs desse ciclo de quedas, assim como os bancos e as petroleiras.

Apesar da perspectiva otimista para empresas de crescimento, o momento segue exigindo cautela.

Tomaria cuidado, por exemplo, com as ações que fizeram IPOs nos últimos anos e prometeram crescimento. Por conta dos efeitos altistas da taxa de juros, essas companhias não estão crescendo.

Busque olhar para as empresas que estão entregando crescimento de fato. Alguns exemplos são: o banco Inter (INBR32), o BTG Pactual (BPAC11), a 3R Petroleum (RRRP3) e a MRV (MRVE3).

Como ficam os ativos de renda fixa?

Mesmo em momentos de queda de juros, a renda fixa segue tendo um papel importante no portfólio do investidor porque funciona como controle de risco.

Por mais que eu ache interessante investir em bolsa, não é bom investir 100% em renda variável. Há imprevistos que acontecem e não podemos expor tanto o nosso patrimônio aos riscos.

Lembre-se sempre de alocar em renda variável aquilo que é compatível ao seu nível de abertura ao risco. O resto deve ficar em renda fixa.

Nesse sentido, além de comprar ações de boas empresas, mantenho recomendação de compra para títulos de IPCA+. É importante lembrar que o título IPCA+ também tem um componente prefixado que valoriza quando as taxas de juros caem.

Além disso, esses títulos estariam mais protegidos em um cenário com aceleração da inflação, mais do que os prefixados, por exemplo.

Ademais, os títulos IPCA+ podem performar bem, inclusive, em um cenário de pressão do governo por quedas da Selic.

Em 2012, o Banco Central de Alexandre Tombini reduziu a Selic até 7,25%, taxa bem mais baixa do que o mercado achava adequado. Dessa forma, as expectativas de inflação começaram a subir.

Ou seja, vimos, na época, menos juro nominal e uma inflação mais alta, o que causou queda no juro real e, consequentemente, valorização dos títulos IPCA+.



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