Nos últimos anos, a Bolsa de Valores da Argentina passou por uma recuperação expressiva, despertando o interesse de investidores atentos às oportunidades fora do eixo Brasil-Estados Unidos. 

Um dos destaques recentes é o ETF ARGE11, que oferece exposição a empresas argentinas listadas nos EUA. Mas será que ainda vale a pena investir na bolsa da Argentina?

O que é o ARGE11 e como funciona

Lançado em agosto, o ARGE11 é um ETF que replica o índice Market Vector US Listed Argentina. Ele é composto por 15 ADRs de empresas argentinas negociadas em bolsas norte-americanas. Para fazer parte da carteira, as companhias precisam atender a critérios de liquidez e tamanho, com revisões trimestrais. Entre os principais ativos estão YPF S.A e Grupo Financiero Galicia SA ADR, com forte peso nos setores de serviços financeiros e utilities.

Diferenças entre ARGE11 e ARGT39

Apesar de parecerem semelhantes, o ARGE11 e o BDR de ETF ARGT39 seguem índices distintos. O ARGT39 replica o MSCI Argentina 25/50, com empresas como o Mercado Livre — ausente no ARGE11 por não atender aos critérios de ADR. Essas diferenças influenciam diretamente na composição e performance de cada fundo.

Desempenho recente e cenário econômico argentino

Ambos os índices tiveram alta expressiva desde 2023, com valorização superior a 140%. Essa recuperação reflete mudanças estruturais na economia argentina desde a posse de Javier Milei, incluindo:

  • inflação mensal controlada abaixo de 2%, após picos de 25% ao mês;
  • fim do controle cambial;
  • superávit primário pela primeira vez desde 2011.

Essas medidas aumentaram a confiança do mercado na retomada da economia argentina.

Riscos políticos e impacto nos investimentos

Apesar do otimismo, o cenário político ainda é incerto. A derrota do partido de Milei nas eleições legislativas na província de Buenos Aires trouxe dúvidas sobre sua capacidade de governabilidade e reeleição em 2027. A reação do mercado foi imediata, com queda superior a 13% em um único dia.

Ainda vale a pena investir na Argentina?

A volatilidade tende a ser elevada no curto prazo, especialmente em função dos desdobramentos políticos. No entanto, com preços descontados e um cenário estrutural mais promissor, pode haver oportunidades interessantes no médio prazo — para quem tem estômago.

Conclusão

O ARGE11 é uma alternativa para se expor ao mercado argentino, mas exige acompanhamento constante e tolerância a riscos políticos. Para quem busca diversificação e oportunidades fora do comum, pode valer a análise mais profunda, como a que é feita no Nord Advisor.