No Brasil, dois dos principais indicadores de inflação são o IPCA e o IGP-M. Embora ambos sejam amplamente utilizados, eles possuem metodologias e aplicações diferentes que impactam diretamente investimentos, financiamentos e reajustes contratuais. A seguir, expliquei como cada um funciona e quando é melhor usar um ou outro.

Sumário

O que é o IPCA e como ele é calculado

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é calculado pelo IBGE e mede a variação dos preços para o consumidor final. Ele considera o consumo de famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos em 13 regiões metropolitanas do país. 

A cada quatro anos, o IBGE realiza um censo de gastos para definir os pesos de cada categoria no índice, como habitação, alimentação e educação.

Esse índice considera produtos e serviços prontos para o consumo, como alimentos no supermercado e mensalidades escolares. É o principal indicador usado pelo Banco Central para definir a política monetária, pois está diretamente ligado à meta de inflação.

O que é o IGP-M e para que serve

Já o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), calculado pela FGV, capta variações de preços desde a produção até o consumidor final. Sua composição é:

  • 60% do IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo), que mede preços no atacado;
  • 30% do IPC (Índice de Preços ao Consumidor);
  • 10% do INCC (Índice Nacional de Custo da Construção).

Por isso, o IGP-M é muito usado em contratos de aluguel e imóveis na planta, pois incorpora também os custos da construção civil.

Qual índice é mais volátil: IPCA ou IGP-M?

O IGP-M é consideravelmente mais volátil que o IPCA. Em 2020, por exemplo, ele subiu 35%, enquanto o IPCA ficou bem abaixo. Isso acontece porque as variações nos preços dos insumos nem sempre são repassadas integralmente aos consumidores, já que as indústrias costumam ajustar suas margens de lucro para suavizar impactos.

Quando usar o IPCA e o IGP-M na prática

Se você precisa pagar uma dívida ou financiamento, o IPCA tende a ser uma escolha mais segura por sua previsibilidade e menor oscilação. Já o IGP-M pode ser vantajoso em contratos em que você vai receber, como aluguéis ou rendimentos, especialmente em momentos de expectativa de inflação alta.

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Como investir em títulos ligados ao IPCA ou IGP-M

Títulos atrelados ao IPCA, como o Tesouro IPCA+ (NTN-B), são amplamente disponíveis no Tesouro Direto e no mercado de crédito privado (debêntures, CRIs e CRAs). 

Já títulos com IGP-M são raros, pois o governo deixou de emitir papéis atrelados a esse índice (antigos NTN-C), devido à sua alta volatilidade. Hoje, só é possível encontrá-los em ofertas muito específicas no mercado institucional.

IPCA e IGP-M: relação de antecedência

No mercado financeiro, costuma-se dizer que “o IPCA está grávido do IGP-M”. Isso significa que, quando o IGP-M sobe, é comum que o IPCA acompanhe o movimento com algum atraso. O IGP-M, portanto, funciona como um indicador antecipado de pressões inflacionárias futuras.

Qual índice escolher?

A escolha entre IPCA e IGP-M depende do contexto. Para compromissos de pagamento, o IPCA oferece maior previsibilidade. Para receitas, o IGP-M pode trazer retornos maiores, desde que usado com cautela. 

Compreender essas diferenças é fundamental para tomar decisões mais estratégicas em investimentos e finanças pessoais.

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