O que esperar após a tarifa de 50% dos EUA? Veja os setores mais impactados
Trump impõe tarifa de 50% sobre produtos do Brasil. Veja os setores mais afetados e o que pode acontecer se houver retaliação
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que irá aplicar uma tarifa de 50% sobre os produtos importados do Brasil a partir do dia 1º de agosto.
Após o anúncio, o dólar disparou, a Bolsa brasileira caiu e o clima entre Brasil e EUA ficou ainda mais tenso.
Por que Trump decidiu taxar o Brasil?
A justificativa para impor tarifas extras sobre produtos brasileiros inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) bem como a relação comercial entre os dois países, que, na visão de Trump, é “muito injusta” e “não recíproca”, citando políticas tarifárias e não tarifárias do Brasil.
A medida faz parte da política de tarifas “recíprocas”, visando corrigir déficits comerciais e incentivar a produção interna nos EUA.
Como o mercado reagiu ao anúncio da tarifa?
No início da manhã desta quinta-feira, 10, o EWZ, iShares MSCI Brazil, ETF (fundo de índice) que representa os ADRs (recibos das ações de empresas listadas na Bolsa de Nova York) brasileiros, já registrava baixa de cerca de 1,5%, a US$ 27,70.
O Ibovespa, por sua vez, abriu o pregão de hoje com uma queda de quase -1%, aos 136,4 mil pontos.
Brasil recebe a maior taxa entre países notificados
Além da tarifa de 50% sobre o Brasil, Trump anunciou uma nova rodada de tarifas de até 30% sobre importações de sete países, incluindo Argélia, Iraque, Líbia, Sri Lanka, Brunei, Moldávia e Filipinas. No entanto, foi o Brasil que alcançou a liderança deste ranking.
Veja abaixo a lista de países que receberam taxas extras nesta semana:
- Brazil: 50%
- Myanmar: 40%
- Laos: 40%
- Thailand: 36%
- Cambodia: 36%
- Bangladesh: 35%
- Serbia: 35%
- Indonesia: 32%
- Algeria: 30%
- Iraq: 30%
- Libya: 30%
- South Africa: 30%
- Brunei: 25%
- Moldova: 25%
- Japan: 25%
- South Korea: 25%
- Malaysia: 25%
- Tunisia: 25%
- Kazakhstan: 25%
Impacto na balança comercial
Atualmente, os Estados Unidos ocupam a posição de segundo maior parceiro comercial do Brasil. Em 2024, as exportações brasileiras para a terra do Tio Sam totalizaram pouco mais de US$ 40 bilhões.
Esse valor representa aproximadamente 12% das exportações brasileiras. E, como não poderia ser diferente, as commodities são responsáveis por boa parte do volume que tem como destino os EUA.

Quais setores serão mais afetados (aço, cobre, agronegócios)?
Olhando para a tabela anterior, já temos uma boa ideia das principais empresas brasileiras impactadas pelas tarifas norte-americanas.
Entre as companhias de bens de capital, a Embraer (EMBR3) é uma das mais prejudicadas. Além dela, também se destacam empresas como WEG (WEGE3), Frasle (FRAS3), Randon (RAPT3), entre outras.
Do lado das commodities, a Suzano (SUZB3) também está entre as grandes impactadas. Além disso, as petroleiras Petrobras (PETR3), Prio (PRIO3), Brava (BRAV3) e PetroReconcavo (RECV3) também estão na lista. Ainda entre as exportadoras, temos JBS (JBSS32), BRF (BRFS3), Minerva (BEEF3), Marfrig (MRFG3), CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5), Cosan (CSAN3) e Unipar (UNIP6).
Dado o nosso perfil exportador, a lista é longa, com algumas empresas mais ou menos impactadas, dependendo da representatividade do mercado norte-americano em seus resultados.
O que acontece se o Brasil retaliar?
O governo brasileira pode reagir aumentando as tarifas sobre produtos importados dos EUA. Isso pode acabar encarecendo os custos de produção por aqui, principalmente para as empresas que dependem de máquinas e equipamentos vindos de lá. E, no fim das contas, isso pode pesar na inflação.
Do lado americano, já avisaram que, se o Brasil reagir, vão responder na mesma moeda.
Como os investidores devem reagir ao tarifaço de Trump?
O mercado foi pego de surpresa com o aumento das tarifas sobre as importações brasileiras para os Estados Unidos.
Como é característico, o mercado sempre antecipa o pior cenário no curto prazo. No entanto, preferimos não perder tempo e dinheiro tentando prever movimentos de mercado de curto prazo.
“Mais dinheiro foi perdido por investidores se preparando para correções ou se antecipando a correções do que nas correções em si.” — Peter Lynch