Deu ruim para a Petrobras. As ações preferenciais (PN) da companhia fecharam com queda de -6,5% nesta segunda-feira, 23, operando como a maior baixa do Ibovespa.

O principal motivo da queda se dá por conta do anúncio de que a companhia aprovou a submissão à assembleia de uma revisão de seu estatuto social, o que, por sua vez, aumenta os receios dos investidores de interferência governamental na política de governança da companhia. 

A estatal está propondo duas principais mudanças: permitir indicações políticas e flexibilizar os dividendos.

Proposta de mudança de estatuto

O conselho de administração da Petrobras quer criar uma reserva de remuneração de capital. A proposta ainda será enviada para deliberação pelos acionistas em assembleia que será convocada futuramente.

A criação da reserva, segundo a Petrobras, não altera sua política de remuneração aos acionistas. A efetiva constituição da reserva será feita somente ao final do exercício, ocorrendo após pagamento de dividendos. 

Apesar da proposta de mudança na política de remuneração não impactar a política de dividendo mínimo, ela pode gerar incertezas em relação aos pagamentos de dividendos extraordinários.

Já a segunda mudança é a retirada da proibição a indicações de pessoas politicamente expostas para cargos de senior management e do conselho — regra que foi implementada com a Lei das Estatais para evitar intervenções políticas.

Nossa opinião

Pela proposta do conselho, a alteração na política de indicação de membros da administração e do conselho fiscal abre caminho para nomeação de pessoas alinhadas aos interesses do governo.

A reação negativa do mercado não poderia ser diferente. As duas propostas que foram aprovadas pelo conselho e que ainda vão passar por votação da assembleia de acionistas são um retrocesso na governança da companhia.

O uso da estatal como ferramenta de política governamental não é novidade, como já vimos os impactos causados nos resultados da Petrobras entre 2014 e 2016.

Ebitda 12 meses PETR4
Fonte: Bloomberg

Se aprovadas, o risco de intervenções por parte do governo pode se intensificar e impactar desde a estratégia dos investimentos até a política de preços de combustíveis da estatal.

Dado o risco de intervenção que sempre enxergamos na Petrobras e os reflexos nos resultados que podem causar, nossa recomendação é de venda.

Desempenho das ações da Petrobras

Os papéis da Petrobras chegaram a -5,52% durante o começo da tarde desta segunda-feira.

As ações da empresa (PETR4) acumulavam, até a semana passada, valorização de +92% no ano.