Ação da Petrobras (PETR3) cai mais de 7% na bolsa após resultados do 2T25
As ações da Petrobras operam em queda firme nesta sexta, mesmo após a empresa lucrar US$ 4,7 bi no 2º tri; saiba o que há por trás da queda
As ações da Petrobras (PETR4; PETR3) operam em queda firme nesta sexta-feira, 8, reagindo aos resultados do segundo trimestre de 2025 (2T25). Por volta das 16h, os papéis ordinários (ON) caíam -7,41%, a R$ 32,97. Já as ações preferenciais (PN) da companhia perdiam -5,78%, a R$ 30,65.
Petrobras reverte prejuízo e registra lucro
A Petrobras divulgou resultados em linha com o consenso de mercado. A receita líquida da companhia superou o consenso, atingindo US$ 21 bilhões no segundo trimestre de 2025, uma retração de 10,4%. O Ebitda ajustado recorrente totalizou US$ 10,2 bilhões, representando uma queda de 14,5%.
O lucro líquido, por sua vez, apresentou desempenho um pouco melhor que o esperado, alcançando US$ 4,7 bilhões, revertendo o prejuízo de US$ 344 milhões no mesmo trimestre do ano passado.

Exploração e produção (E&P)
No 2T25, a produção de petróleo apresentou um crescimento de 7,8% na comparação anual, alcançando 2,9 milhões de barris de óleo equivalente (boed), um pouco melhor do que a expectativa do mercado. O aumento compensou parte da queda de -20% do preço médio do Brent no período.
Assim, a receita líquida da divisão de Exploração e Produção (E&P) somou US$ 14,4 bilhões, reportando uma queda de -8% a/a.

Com a menor alavancagem operacional, reflexo dos maiores custos e despesas entre os períodos, o Ebitda da E&P somou US$ 8,9 bilhões, queda de -11%. A margem Ebitda foi de 62%, -1,9 p.p. menor que a reportado no 2T24.
Assim, o lucro líquido do segmento encerrou em R$ 3,9 bilhões no 2T25, recuo de -24% a/a.
Refino, Transporte e Comercialização
No segmento de Refino, Transporte e Comercialização (RTC), o volume total de vendas atingiu 1,7 milhão de barris por dia no 2T25, leve aumento de 0,8% na comparação anual.
No caso do diesel, as vendas cresceram 0,6% no período encerrado em junho, enquanto a comercialização de gasolina apresentou alta de 3,1%, ambos comparados com o 2T24.
Outro destaque no segmento ficou para a importação de diesel que mais do que dobrou na comparação anual.
Mesmo assim, diante dos preços mais baixos no período, a receita do segmento RTC foi de US$ 19,8 bilhões, queda de -10% a/a. Diante do aumento dos custos do refino e das despesas operacionais, o Ebitda do segmento totalizou US$ 1 bilhão, recuo de -21% a/a, com uma margem de apenas 5% (-1 p.p.).
O lucro líquido do RTC, por sua vez, somou US$ 217 milhões, queda de -22% a/a.
Fluxo de caixa e alavancagem
Diante do desempenho fraco dos dois segmentos da Petrobras, a receita líquida da estatal apresentou um recuo de -10%, encerrando o trimestre em US$ 21 bilhões.
Isso, combinado com o aumento dos custos e despesas no período, o Ebitda da Petrobras totalizou US$ 10,2 bilhões, -14% de queda.
O lucro líquido, por sua vez, ficou em US$ 4,7 bilhões, revertendo o prejuízo de US$ 344 milhões no mesmo trimestre do ano passado.
A estatal encerrou o período com uma dívida líquida de US$ 58 bilhões, aumento de +4,5% t/t, refletindo em uma alavancagem (dívida líq./Ebitda) de 1,5x, contra 1,24 do 1T25.
Dividendos da Petrobras sob pressão na petroleira
O destaque negativo ficou para o fluxo de caixa livre da estatal, que totalizou US$ 3,4 bilhões, uma queda de -44%. A menor geração de caixa foi reflexo da expansão de 31% a/a do Capex, volume maior do que a expectativa do mercado.
Esse dado é relevante, pois o fluxo de caixa livre é utilizado como base na política de remuneração aos acionistas, a qual prevê a distribuição de 45% desse indicador.
Assim, além do menor resultado operacional, o aumento dos investimentos pressionaram a distribuição de dividendos da petroleira.
Petrobras anuncia dividendos e JCP no valor de R$ 8,6 bilhões
No 2T25, a Petrobras comunicou a distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) no valor total de R$ 8,66 bilhões, representando R$ 0,6719 por ação. Os proventos serão pagos em duas parcelas:
1ª parcela, no valor de R$ 0,3359 por ação, será paga em 21 de novembro de 2025, integralmente sob a forma de JCP.
2ª parcela, no valor de R$ 0,3359 por ação, em 22 de dezembro de 2025, sendo R$ 0,2009 sob a forma de dividendos e R$ 0,1350 sob a forma de JCP.
A data de corte será no dia 21 de agosto de 2025. As ações serão negociadas ex-direitos na B3 a partir de 22 de agosto de 2025.
O que fazer com as ações da Petrobras após dividendo abaixo do esperado?
Além dos resultados do 2T25, a Petrobras comunicou que aprovou a inclusão do posicionamento da companhia em projetos de distribuição de combustíveis no seu plano estratégico — a nosso ver, é um retrocesso para a companhia.
Apesar da grande representatividade dos investimentos para Exploração e Produção, o Capex para negócios (distribuição, energias renováveis, fertilizantes, refino, transporte e comercialização, por exemplo) vêm ganhando cada vez mais representatividade na estatal.
A baixa rentabilidade desses segmentos, que não são o core business da companhia, pressionam a lucratividade e a rentabilidade da Petrobras e, consequentemente, a sua capacidade de distribuição de dividendos.
Diante da perspectiva de aceleração do Capex em projetos pouco rentáveis, em meio a um cenário desafiador, a perspectiva é de resultados pressionados e uma capacidade de geração de valor mais baixa para os seus acionistas.
Além disso, nos aproximamos de um ciclo eleitoral (2026), que historicamente é um período de maior volatilidade para as ações da estatal.
Assim, mesmo com múltiplos históricos baixos, à primeira vista (6x lucros e 3x Ebitda), as ações da Petrobras negociam acima da sua média histórica. Isso, somado à expectativa de crescimento tímido, reflete em uma assimetria pouco favorável neste momento.
Portanto, neste momento, nossa recomendação é neutra para as ações da Petrobras.
Confira também nossa análise dos resultados da temporada de balanços do 2T25 e veja quais ações podem se beneficiar no curto prazo.