A política monetária trabalha com defasagem e o mercado busca antecipar o que acontecerá no futuro. 

Nos EUA, o Fed cortou os juros pela segunda reunião seguida, mas o tom de Jerome Powell foi mais cauteloso e deixou um mistério sobre a próxima decisão, em dezembro. A leitura é que o pouso suave segue no radar e a curva de juros ajusta a trajetória futura para perto da taxa neutra de 3%.

No Brasil, os dados de inflação surpreenderam positivamente. O IPCA-15 veio abaixo do esperado e núcleos e serviços seguem abaixo do histórico. A atenção, no entanto, paira sobre o mercado de trabalho ainda robusto e expectativas de inflação de médio prazo desancoradas.

Apesar do mercado de trabalho aquecido, temos visto sinais de desaceleração da atividade por meio de outros dados, como no IBC-Br. Mesmo assim, a política fiscal segue expansionista, o que pode dificultar a ancoragem das expectativas de inflação à frente.

No fim, o que o mercado tenta precificar não é o passado dos indicadores, mas o que eles sinalizam adiante. A Selic do presente já está contratada. É a Selic do futuro que segue em aberto, moldada pela leitura dos dados, pela condução da política fiscal e pela paciência do Banco Central em aguardar o tempo correto para agir.