O Ibovespa encerrou o mês de outubro em alta de +2,3%, renovando suas máximas históricas, mantendo uma tendência de alta nos últimos 20 dias do período.

Um dos eventos mais relevantes dos últimos trinta dias foi o corte de -0,25 p.p. nos juros americanos realizado pelo Federal Reserve, para a faixa de 3,75% a 4%, sendo o segundo consecutivo. O movimento abre caminho para que o Banco Central também inicie a redução da Selic por aqui, atualmente no patamar de 15% ao ano.

Nesse cenário, continuamos observando um movimento positivo, com investidores estrangeiros direcionando recursos para os mercados emergentes. Até mesmo os mais pessimistas em relação ao Brasil, como investidores institucionais, já começam a migrar parte do seu capital para o mercado doméstico.

Desempenho dos principais índices em outubro

Com os juros futuros em leve queda no mês, revertendo a tendência do início do período, todos os principais índices acionários fecharam o período subindo. O IBOV encerrou em alta de +2,3%, enquanto o IDIV subiu +1,8% e o SMLL, +0,4%.

 IBOV, IDIV, SMLL e Juros futuros em outubro de 2025. Fonte: Bloomberg

Das 82 ações que compõem o IBOV, 41 registraram alta no período, enquanto as outras 41 fecharam em baixa. 

O principal destaque positivo do mês foi a Usiminas (USIM5), com alta de +34%, enquanto a maior queda foi para as ações da Brava (BRAV3), que caíram -17,9%.

As 5 ações que mais subiram em outubro

Veja a lista das cinco maiores altas do mês.

EmpresaTickerVar. (%)
UsiminasUSIM5+34,0
CSNCSNA3+19,5
Metalúrgica GerdauGOAU4+16,5
WEGWEGE3+15,1
GerdauGGBR4+14,0

Maiores altas do Ibovespa em outubro. Fonte: Bloomberg

1. Usiminas (USIM5) +34,0%; 2. CSN (CSNA3) +19,5%; 3. Metalúrgica Gerdau (GOAU4) +16,5; e 5. Gerdau (GGBR4) +14,0%  

No topo da lista das maiores altas de outubro estão diversas metalúrgicas.

O fluxo de aços mais baratos entrando no Brasil vinha sendo uma pedra no sapato das siderúrgicas nacionais, especialmente os originados na China. Diante disso, as expectativas em torno da ampliação de medidas antidumping — mecanismos de defesa comercial aplicados por um país para se proteger de produtos importados a preços excessivamente baixos — impulsionaram as ações das produtoras locais.

Entre as empresas da lista, as principais beneficiadas seriam a Usiminas e a CSN, já que grande parte de seus portfólios está exposta às investigações.

Nossa recomendação: neutra.

4. WEG (WEGE3) +15,1%

Mesmo com resultados mais pressionados no 3T25, a divulgação eliminou as dúvidas que pairavam sobre o mercado quanto aos possíveis impactos das tarifas de Trump nos resultados da empresa, dissipando essas incertezas e impulsionando o papel a uma recuperação após as fortes quedas registradas em 2025.

Nossa recomendação: neutra.

As 5 ações que mais caíram em outubro

Veja a lista das cinco maiores quedas do mês.

EmpresaTickerVar. (%)
BravaBRAV3-17,9
HapvidaHAPV3-12,8
Magazine LuizaMGLU3-11,8
MarcopoloPOMO4-11,5
FleuryFLRY3-9,9

Maiores baixas do Ibovespa em outubro. Fonte: Bloomberg

1. Brava (BRAV3) -17,9%

No topo da lista das maiores quedas do mês estão as ações da Brava. 

Isso ocorreu após a notícia sobre a interdição temporária pela ANP de um conjunto de instalações, com um impacto estimado na produção de 3,5 mil barris diários (menos de 4% da produção do 3T25), além do anúncio de mudanças em sua estrutura organizacional, reduzindo um cargo de diretor e consolidando as áreas de finanças, RI e trading/comercialização sob a estrutura da diretoria financeira e de relações com investidores.

Depois da reação negativa do mercado, a Brava correu para anunciar seu novo CFO e diretor de RI. Para substituir Rodrigo Pizarro, a petroleira aprovou a indicação de Luiz Carvalho, que possui mais de 20 anos de experiência no setor, sendo 7 deles trabalhando na Shell e Transocean, e 13 deles à frente da área de análise de óleo e gás em bancos como HSBC, UBS e BTG Pactual.

Nossa recomendação: compra.

2. Hapvida (HAPV3) -12,8%

Após fortes altas no mês de agosto, as ações da Hapvida continuaram em ritmo de correção em outubro, seguindo o movimento de setembro, especialmente com o mercado projetando certa pressão sobre seus resultados na próxima divulgação do 3T25.  

Nossa recomendação: neutra.

3. Magazine Luiza (MGLU3) -11,8%

Depois de ter ocupado a primeira posição no ranking das maiores altas de setembro, impulsionada pelas expectativas de uma possível redução na taxa Selic, a empresa ainda deve enfrentar um processo gradual de queda dos juros, o que fará com que o peso da dívida permaneça em seu balanço por mais tempo.

Nossa recomendação: neutra.

4. Marcopolo (POMO4) -11,5%

As fortes quedas ocorreram principalmente após a divulgação dos resultados do 3T25. O mercado interno acabou pressionando o desempenho da fabricante de carrocerias de ônibus, mas esse efeito foi parcialmente compensado pelo mercado externo, tanto pelas exportações quanto pelas operações internacionais. 

Além disso, houve um efeito não recorrente por impairment (redução do valor recuperável de um ativo) realizado pela coligada canadense NFI. Sem isso, as variações no Ebitda e no lucro teriam sido positivas. 

Mesmo com os juros altos ainda dificultando a renovação da frota no país, observa-se um envelhecimento crescente (acima de 11 anos atualmente), com os volumes atuais insuficientes para manter a sustentabilidade da idade média e do tamanho da frota.

Assim, o reaquecimento da produção de ônibus não é apenas desejável, mas necessário, especialmente diante da agenda de descarbonização (Euro 6). Vale destacar que, no ano, já foram entregues 111 ônibus elétricos (Attivi), com preço médio de venda maior, ante apenas 8 unidades em 2024.

Desta forma, enxergamos que as recentes quedas das ações da companhia foram exageradas, possivelmente com expectativas irreais do mercado com relação à velocidade de renovação de frota no país. 

Mantendo um ROE de 30% e um ROIC de 25%, negociando a apenas 6x lucros e com dividend yield projetado acima de 8%, seguimos confiantes e comprados em POMO3.

Nossa recomendação: compra.

5. Fleury (FLRY3) -9,9%

Os papéis da Fleury haviam registrado forte valorização nos últimos meses, após a divulgação de que a Rede D’Or estaria interessada na rede de laboratórios. No entanto, sem dados mais concretos sobre a operação, o otimismo em relação às ações da Fleury acabou arrefecendo.

Nossa recomendação: neutra.