Entre 2020 e 2025, o mundo viveu um dos períodos mais desafiadores da história recente — e a inflação acumulada dos consumidores nesse intervalo revela muito mais do que números: ela expõe as vulnerabilidades, estratégias e realidades de cada país diante de crises globais.

Com base em dados do Deutsche Bank, compilados pela Visual Capitalist, o cenário inflacionário do período escancara contrastes intensos provocados por pandemias, guerras, choques de oferta, políticas monetárias estimulativas e decisões fiscais expansionistas.

América Latina: extremos entre descontrole e resiliência relativa

A Argentina representa o caso mais alarmante: mais de 2.164% de inflação acumulada entre 2020 e junho de 2025. Apesar de medidas recentes do governo Milei e da queda da inflação, o passado recente hiperinflacionário ainda deixa essa imagem negativa para o país:

 Inflação acumulada 2020 a 2025: dados por região. Fonte: Deutsche Bank

Por outro lado, com mudanças estruturais em curso, a melhora já é considerável, com a inflação mensal passando a correr em patamares abaixo de 2%, uma diferença significativa em relação aos mais de 20% mensais que o país chegou a apresentar em dezembro de 2023 e janeiro de 2024, por exemplo. 

Uma inflação mensal próxima de 2% claramente ainda não é a ideal, mas mostra que o país está caminhando na direção correta.

 Fonte: Bloomberg. Elaboração Nord Investimentos

Para os próximos anos, o mercado precifica uma inflação argentina de 21,3% em 2026 e 15,8% em 2027 (de acordo com dados da Bloomberg), patamares ainda elevados, mas bem mais contidos do que os níveis apresentados nos últimos anos.

Fonte: Bloomberg

Ainda na América do Sul, o Brasil acumulou uma inflação de 33% de 2020 a junho de 2025, o Chile, 34%, e a Colômbia, 39%. Já para os próximos anos, o mercado precifica uma desaceleração da inflação nesses países:

Fonte: Bloomberg
Fonte: Bloomberg
Fonte: Bloomberg

BRICS: realidades que pouco se parecem

A inflação acumulada também expõe as diferenças entre os países dos BRICS.

  • China se destacou positivamente, com apenas 6% de inflação no período. Esse resultado, porém, reflete os efeitos da crise imobiliária enfrentada pelo país pós-pandemia, após o governo implementar a política das Three Red Lines. Essa política tem como objetivo estabelecer limites mais rígidos para as alavancagens das incorporadoras, o que, apesar de ter efeitos positivos de longo prazo ao garantir uma maior sustentabilidade do setor, no curto prazo levou grandes empresas da área a enfrentar graves problemas (como a Evergrande).
  • Índia e Brasil registraram inflação semelhante (33%).
  • Rússia, com 44%, sentiu os efeitos diretos das sanções internacionais e da guerra da Ucrânia.
  • África do Sul, por sua vez, ficou em 28%.

Europa: o impacto da geopolítica e da energia

O continente europeu, embora mais estruturado institucionalmente, não saiu ileso. Países do Leste, como Hungria (52%), Polônia (42%) e República Tcheca (41%), foram os mais atingidos, principalmente após a crise energética deflagrada pela guerra na Ucrânia.

Apesar dos números mais contidos nos demais países europeus, a inflação também foi um ponto de discussão nos últimos anos, dentro do contexto de expansão fiscal para estimular a economia após a queda da atividade na pandemia.

Não por acaso, houve uma aceleração da inflação, que motivou o aumento de juros pelo Banco Central Europeu (BCE). Com a inflação passando a convergir para a meta ao longo de 2025, o BCE voltou a flexibilizar a política monetária, levando a taxa de juros para os atuais 2%.

Fonte: Bloomberg
Fonte: Bloomberg

Turquia: o custo das apostas erradas

A Turquia, com 146% de inflação acumulada, viveu um experimento monetário de alto risco, mantendo juros baixos mesmo diante do aumento dos preços. O resultado foi desastroso, reforçando uma lição fundamental: a política monetária precisa de credibilidade e coerência para conter as expectativas inflacionárias.

O que a inflação nos ensina sobre o futuro

O mundo que emerge de 2025 é um mundo dividido.

Diversos motivos podem levar países a apresentarem inflações mais contidas ou mais pressionadas — como produtividade, credibilidade fiscal, credibilidade monetária, entre outros. Independentemente do estágio de sofisticação, o fato é que os últimos anos se mostraram desafiadores para muitos países após forte expansão de gastos anunciada pelos governos.

Por que isso importa para você?

Inflação acumulada não é apenas um dado macroeconômico — é um espelho das condições que afetam diretamente o poder de compra, os investimentos e a preservação patrimonial.

Entender os caminhos que diferentes países trilharam entre 2020 e 2025 ajuda a responder a uma pergunta essencial para o investidor brasileiro: o que eu posso — e devo — fazer para proteger meu patrimônio em tempos de incerteza?

Na Nord Wealth, acreditamos que a resposta passa por três pilares:

  • Planejamento patrimonial com visão de longo prazo;
  • Alocação estratégica com proteção contra inflação e instabilidades;
  • Estruturação inteligente e internacionalização de parte do capital.