Os últimos dados de inflação desacelerando mais do que o esperado elevaram as apostas em corte da Selic em agosto.

Segundo dados da Bloomberg, curva precifica 21,5 basis points de redução da Selic no Copom de agosto (na prática, precificando um corte de 25 bps).

Cenário local: perto do ciclo de queda de juros

O cenário doméstico está mais favorável para o início do ciclo de queda da Selic, diante da melhora qualitativa observada nos últimos indicadores de inflação.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou para +0,23% em maio, ante alta de 0,61% em abril. Vale ressaltar que o resultado veio abaixo das expectativas do mercado, de +0,33%.

A inflação acumulada em 12 meses até maio ficou em 3,94%, desacelerando frente aos 4,18% no acumulado até abril, enquanto no ano a alta acumulada é de 2,95%.

Mais importante do que essa desaceleração foram os resultados mais fracos dos núcleos (parcela mais persistente da inflação), serviços (preços de serviços demandam mais tempo para arrefecer) e difusão (o quanto a inflação está disseminada). Esses números mais fracos refletem uma melhora qualitativa que aumenta o otimismo sobre o processo de desinflação.

Com relação à atividade, o Produto Interno Bruto (PIB) registrou alta de 1,9% no 1T23 em relação ao trimestre anterior. O resultado veio significativamente melhor do que as expectativas do mercado, que eram de 1,2%.

O grande destaque ficou por conta do crescimento da agropecuária, 21,6% no trimestre, enquanto o setor de Serviços, que possui o maior peso no PIB, avançou 0,6% T/T e a Indústria registrou uma leve contração de 0,1% T/T.

Relatório Focus

Com base nos dados disponíveis até o momento, os economistas do mercado também estão otimistas em relação ao ciclo de queda da Selic, que deve se iniciar muito em breve.

No campo da inflação, a mediana das estimativas do mercado para a variação do IPCA de 2023 caiu, na última semana, de 5,69% para 5,42% (meta de 3,25%), segundo o relatório Focus do BC. A estimativa para 2024 caiu de 4,12% para 4,04% (meta de 3,0%), enquanto para 2025 recuou de 4,0% para 3,90% (meta de 3,0%) e para 2026 de 4,0% para 3,88% (meta ainda não definida).

Do lado da atividade econômica, após os dados mais fortes nesse começo de ano, a mediana das previsões para o PIB deste ano apresentou uma alta relevante de +1,68% para +1,84%. Já as expectativas para o PIB 2024 caíram de +1,28% para +1,27%, enquanto para 2025 passou de +1,70% para +1,80%.

Para a Selic, o Focus segue esperando uma taxa de 12,50% ao final deste ano e 10% ao final de 2024.

Pontos de atenção

Como comentado, os últimos dados de inflação tornaram o cenário de corte de Selic mais favorável para o Banco Central.

No entanto, os dados mais fortes em relação à atividade econômica tendem a reduzir a velocidade de queda neste início de ciclo de corte.

Vale ressaltar que o mercado já precifica (na curva) um corte relevante para 9,40% até o final de 2024.

Deveremos ficar bem atentos à mudança de linguagem do Banco Central nas próximas reuniões. O Copom (Comitê de Política Monetária) fará sua próxima reunião nos dias 20 e 21 junho.

Onde investir em renda fixa?

Dito isso, é preciso fazer um alerta para quem já está animado com o corte de juros por parte do Banco Central neste ano.

A renda fixa seguirá sendo um papel importante no seu portfólio.

Tanto que continuamos gostando dos títulos pós-fixados (cuja rentabilidade está atrelada a Selic ou CDI), que seguirão entregando rentabilidades interessantes (a Selic vai ficar no patamar de 2 dígitos por um bom tempo) e podem ser utilizados como uma forma de manter a sua carteira líquida o suficiente para movimentação à medida que outras boas oportunidades forem surgindo.

Nesse sentido, nossa preferência é por pós-fixados de liquidez diária ou com prazos de vencimentos curtos.

Os títulos prefixados (cuja rentabilidade é fixa) não parecem tão vantajosos, especialmente os mais curtos, levando em consideração o ciclo de queda relevante da Selic já precificada pelo mercado (Selic teria que cair mais do que o já precificado para o título valer a pena).

Para prazos mais longos, seguimos com a preferência em IPCA+ isentos de imposto de renda, por meio do crédito privado (CRIs, CRAs e Debêntures Incentivadas), de empresas com bons fundamentos.

Ibovespa para cima

A expectativa de corte de juros também tem favorecido ativos de risco. Nesta semana, o Ibovespa subiu forte (+4%), impulsionado pelo arrefecimento da inflação, e conquistou um novo patamar de máxima no ano, aos 117.019 pontos.

As empresas que mais se beneficiaram nessas últimas semanas foram as empresas de crescimento, justamente aquelas que mais sofreram com esse último ciclo de alta dos juros.

Ter boas empresas de crescimento nesse cenário favorável nos parece uma bela escolha, e o Rafael Ragazzi, que comanda o Nord 10x, pode falar melhor do que eu.

Do final de março para cá, as ações de crescimento do Nord 10x subiram +38,6%, enquanto o Ibovespa subiu +17%.

Valorização da carteira Nord 10X em 2023
Nord 10X (linha branca) vs IBOV (linha azul). Fonte: Bloomberg

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