A Hypera Pharma (HYPE3) reportou no segundo trimestre de 2025 uma receita líquida de R$ 2.153,9 milhões, representando uma queda de 1,6% em relação ao mesmo período de 2024. O Ebitda das operações continuadas totalizou R$ 725,4 milhões, com retração de 3,9% na comparação anual, enquanto o lucro líquido das operações continuadas foi de R$ 426,1 milhões, uma queda de 13,4% em relação ao 2T24.

Destaques do 2T25. Fonte: Hypera RI

Apesar do crescimento de 5,5% no sell-out do varejo farmacêutico, a receita líquida foi impactada negativamente pelo processo de otimização de capital de giro iniciado em 2024 e concluído no início do 2T25. Esse processo envolveu a redução de estoques nos clientes e o consequente encurtamento do prazo médio de recebimento, que caiu de 116 para 60 dias. 

Além disso, houve queda de receita no mercado institucional, refletindo uma retração de 5,2% no sell-out para o setor público.

Menos estoque, mais eficiência operacional

A redução do Ebitda, mesmo com maiores despesas com marketing, foi amenizada por ganhos de eficiência operacional e maior disciplina na gestão de custos e despesas. A margem Ebitda foi relativamente preservada, reforçando a capacidade da companhia de sustentar sua rentabilidade operacional. No entanto, o lucro líquido foi pressionado pela redução do EBIT e por menores contribuições de outras receitas operacionais.

O lucro líquido das operações continuadas somou R$ 426,1 milhões no trimestre, uma queda de 13,4% frente aos R$ 491,8 milhões registrados no 2T24. Essa redução foi puxada principalmente pela queda do EBIT, que passou de R$ 687,2 milhões para R$ 646,7 milhões, e pelo impacto ainda significativo das despesas financeiras líquidas, que totalizaram R$ 212,7 milhões. 

Adicionalmente, o resultado do 2T24 foi beneficiado por créditos tributários que não se repetiram em 2025, distorcendo a base de comparação. Mesmo com a retração, a companhia manteve uma margem líquida de 19,8%.

Do lado financeiro, a empresa encerrou o trimestre com caixa de R$ 1,2 bilhão. A dívida líquida pós-hedge foi de R$ 7,6 bilhões, o que representa um múltiplo de 2,6x Ebitda anualizado das operações continuadas.

Hypera (HYPE3) pagará R$ 185 milhões em JCP

A companhia havia aprovado no trimestre Juros sobre Capital Próprio no valor de R$ 185,1 milhões, equivalente a R$ 0,29 por ação. A data-base para ter direito ao provento foi no dia 26 de junho de 2025, com as ações passando a ser negociadas “ex-JCP” a partir de 27 de junho. O pagamento será realizado até o fim do exercício social de 2026, em data a ser definida.

Retomada depende de execução

A Hypera reforça que está preparada para retomar o crescimento de vendas no médio prazo, alicerçada no pipeline de inovação e na conclusão do processo de otimização de capital de giro. 

Além disso, manteve o ritmo de investimentos em inovação e expansão da capacidade produtiva, com destaque para a construção de novas plantas para oncológicos e biológicos e a consolidação da fábrica adquirida da Boehringer Ingelheim.

A Hypera tem apresentado bom desempenho nas vendas ao consumidor final; contudo, esse resultado ainda não se reflete em um crescimento consistente da receita líquida. Essa divergência decorre, principalmente, de uma mudança estratégica no modelo de operação comercial da companhia. Trata-se, portanto, de uma questão relacionada ao modelo de faturamento, e não à demanda.

Os resultados do 2T25 ainda são impactados pelos ajustes decorrentes dessa transição, evidenciados por queda na receita, redução no lucro e compressão do fluxo de caixa. 

Apesar da manutenção de níveis elevados de rentabilidade, os riscos associados à continuidade da retração nas receitas e ao nível moderado de alavancagem — atualmente em 2,6x Ebitda — merecem atenção. Por esses motivos, mantemos a posição de não recomendação de compra para as ações da companhia no momento.

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