A Nu Asset, gestora de investimentos do Nubank, anunciou dois novos ETFs de renda fixa global, negociados na B3. O HGBR11 e o HYBR11 permitem que investidores brasileiros acessem títulos de crédito dos Estados Unidos, neutralizando os efeitos da variação cambial.

Características do HGBR11 

O ETF HGBR11, chamado Nu iBoxx Investment Grade Hedge Carry BRL, tem exposição a títulos de crédito privado grau de investimento nos EUA, ou seja, de empresas com menor risco de crédito (classificação de risco mais alta; empresas mais seguras), acompanhado de uma alta posição em caixa. Além disso, o fundo tem proteção cambial, o que significa que não é impactado pela volatilidade do dólar frente ao real.

O produto foi projetado para replicar o índice iBoxx USD Liquid Investment Grade BRL Hedge Carry, que, por sua vez, tem uma estrutura de 70/30/-30. Isso significa que o ETF tem 70% investido em título soberano brasileiro (acompanha a Selic), 30% em crédito privado grau de investimento nos EUA e -30% em contratos futuros de dólar para construir a proteção cambial em relação à exposição a crédito privado nos EUA.

Os 30% da carteira posicionados em crédito privado nos EUA se baseiam no ETF iBoxx $ Investment Grade Corporate Bond (LQD). O LQD tem US$ 30 bilhões no exterior, uma carteira bem diversificada com 3 mil emissores e uma duration de 8 anos (prazo médio de recebimento dos fluxos dos títulos).

Abaixo, vemos as principais características do LQD. É possível notar que, apesar dos créditos serem classificados como grau de investimento, as classificações de risco das empresas são principalmente A e BBB, ou seja, com pouca exposição a empresas AAA (classificação mais alta). 

Além disso, os créditos estão mais concentrados no setor financeiro (23%), seguido de consumo não cíclico (18%) e tecnologia (12%). Apesar de a duration efetiva da carteira ser de 8 anos, há títulos com diferentes prazos, de 3-5 anos a 15-20 anos.

Fonte: Nubank

Dessa forma, o HGBR11 fica estruturado da seguinte forma:

Fonte: Nubank

Abaixo, temos a performance que o HGBR11 teria nos últimos 10 anos (performance do iBoxx USD Liquid Investment Grade BRL Hedge Carry), além da performance do LQD separadamente. 

Nota-se que o LQD (sem variação cambial) apresentou dificuldade em 2022, diante do movimento de alta de juros nos EUA, que levou a aumentos nas taxas de mercado e nos spreads de crédito, reduzindo os preços dos ativos.

Fonte: Nubank

Abaixo, temos a atribuição de performance do HGBR11 (através do iBoxx USD Liquid Investment Grade BRL Hedge Carry) desde o início em janeiro de 2014. O maior atribuidor de performance veio da Selic, seguido do “BRL Carry”, que vem da diferença da taxa de juros entre Brasil e EUA.

Fonte: Nubank

O HGBR11 tem taxa de administração de 0,20% ao ano, isento de IOF e come-cotas.

Caracteríticas do HYBR11

O HYBR11, chamado Nu iBoxx High Yield Hedge Carry BRL, tem exposição a títulos de crédito privado high yield, ou seja, de empresas mais arriscadas (classificação de risco mais baixa), acompanhado de uma menor exposição em caixa. 

Além disso, o fundo tem proteção cambial, o que significa que não é impactado pela volatilidade do dólar frente ao real.

O ETF replica o iBoxx USD Liquid High Yield BRL Hedge Carry Index, que tem uma estrutura de 70/30/-70. E diferentemente do HGBR11, a carteira do HYBR11 tem 70% investido em crédito privado high yield e apenas 30% na Selic, além de -70% em contratos futuros de dólar para construir a proteção cambial em relação à exposição a crédito privado nos EUA.

Os 70% em crédito privado nos EUA segue o ETF iBoxx $ High Yield Corporate Bond (HYG). O HYG possui US$ 18 bilhões no exterior, uma carteira diversificada com 1,3 mil emissores e uma duration de 3 anos.

Abaixo, vemos as características do HYG. Vemos que as classificações de risco da carteira são principalmente BBB, B e CCC, mais concentrados nos setores de consumo cíclico (18%), comunicações (16%) e consumo não cíclico (13%). 

Além disso, os créditos possuem durations mais baixas que o HGBR11, indo principalmente de 0-1 ano até 5-7 anos (com duration efetiva da carteira de 3 anos, como comentado anteriormente).

Fonte: Nubank

Dessa forma, o HYBR11 fica estruturado da seguinte forma:

Fonte: Nubank

Abaixo, temos a performance do HYBR11 nos últimos 10 anos (performance do iBoxx USD Liquid High Yield BRL Hedge Carry), além da performance do HYG separadamente (sem variação cambial).

Fonte: Nubank

Abaixo, temos a atribuição de performance desde o início em janeiro de 2014. Diferentemente do HGBR11, o HYBR11 tem uma maior atribuição de performance vindo do “BRL Carry” (que vem da diferença da taxa de juros entre Brasil e EUA), seguido da Selic e do spread de crédito. 

O destaque fica justamente para essa maior atribuição do spread de crédito em comparação com o que observamos no HGBR11, justamente pelo fato do HYBR11 ter créditos mais arriscados e, consequentemente, com maiores taxas.

Fonte: Nubank

O HYBR11 tem taxa de administração de 0,30%, isento de IOF e come-cotas.

HGBR11 e HYBR11: vale a pena investir nos novos ETFs do Nubank?

As propostas do HGBR11 e HYBR11 são interessantes para quem busca diversificação internacional e exposição ao crédito corporativo dos Estados Unidos com proteção cambial, cada um com propostas diferentes. 

O HGBR11 tem uma carteira mais conservadora, com exposição a crédito privado de uma forma mais sutil, enquanto o HYBR11 tem maior potencial de retorno vindo de crédito, mas que leva, consequentemente, a uma maior volatilidade da carteira.

A imagem abaixo esclarece as diferenças de perfil entre o HGBR11 e o HYBR11.

Fonte: Nubank

A nossa ponderação é que os spreads de crédito nos EUA estão mais baixos, o que demanda uma certa cautela no nível de exposição a esses produtos.

 Fonte: MacroMicro