Uma das principais dúvidas do investidor é onde investir. Dessa pergunta, derivam muitas outras: qual o melhor investimento para este mês, qual o melhor ativo para o próximo ano, quais as melhores classes de ativos para a fase de acumulação, qual é o melhor ativo para a fase de fruição.

Hoje vamos bater um papo sobre esse assunto e desmistificar esse emaranhado de informação (e desinformações também!). 

Afinal, FIIs são bons ativos para investir na fase de acumulação quando ainda estamos juntando patrimônio para, um dia, viver de renda?

O melhor ativo do passado

Você já ouviu falar da “teoria do retorno à média”? O que subiu muito no passado tende a ter uma performance pior no futuro. O que caiu muito no passado tende a ter melhor retorno no futuro. Essa é uma teoria e uma tendência, não uma lei. Ou seja, nada é garantido, claro!

Sempre que alguém pergunta “qual é o melhor ativo” para os próximos meses ou anos, está querendo saber qual vai subir mais. Mas não o melhor ativo mesmo, de verdade. 

Quem ganha dinheiro trabalhando no mercado financeiro tende a indicar o que mais caiu, ou seja, o ativo com pior performance passada, mas que representa uma melhor expectativa de retorno futuro (expectativa, não certeza). 

O que mais subiu, normalmente, já ficou “caro demais”. E assim a corrida pela performance é uma sucessão de compras e vendas de ativos. Será que só existe esse caminho?

Claro que não! É possível buscar realmente o melhor ativo, com remuneração condizente com o risco assumido: montar uma carteira de qualidade, sem girar muito, e mantê-la para o longo prazo. Os FIIs são um pouco disso: um bom investimento com um bom retorno e risco condizente com esse retorno.

Acumulação e fruição: elas acontecem juntas

As fases de acumulação e fruição, ao contrário do que muitos pensam e pregam, não são ciclos distintos dentro da nossa vida financeira — elas acontecem de forma concomitante. 

Para quem já tem uma opinião formada, parece uma grande bobagem afirmar isso, mas o que quero hoje é trazer um ponto de vista diferente, sob outra ótica. 

E vou começar te fazendo duas perguntas, para ilustrar meu ponto de vista:

  • O bilionário Luiz Barsi está em qual fase da vida: fruição ou acumulação?

Se você respondeu fruição, por que ele não para de reinvestir praticamente todos os dividendos? Se respondeu acumulação, quando será o período da fruição, já que o investidor já passou dos 80 anos?

  • Você usufrui da vida enquanto acumula patrimônio ou espera usufruir a vida apenas na velhice, após acumular todo o patrimônio que precisa?

Bom, se você é uma pessoa comedida e centrada, deve ter respondido que usufrui da vida enquanto acumula patrimônio — e esse é, certamente, o que deve ser feito, já que a vida é o que acontece enquanto fazemos planos!

Luiz Barsi é feliz mantendo o padrão de vida que tem e reinvestindo o restante, já que investe a vida inteira. Com Warren Buffett ocorre o mesmo. 

Uma pessoa comum usufrui de sua renda e patrimônio durante toda a vida, enquanto seu patrimônio cresce ao longo do tempo. Isso demonstra que não são fases separadas: elas acontecem de forma concomitante.

Claro que devemos ser mais comedidos no início, poupar mais e gastar menos, para que consigamos ter uma poupança que sirva para nos salvar em caso de aleatoriedades negativas. 

Com o tempo, o patrimônio vai sendo construído, mesmo usufruindo parte dele durante a vida. O que muda é a velocidade dessa construção. 

Mas você não tem pressa de chegar logo ao patrimônio máximo e ao fim da vida, não é mesmo?

Montinho, montão: o poder das pequenas decisões financeiras

Digamos que você queira emagrecer. Já tentou tirar a sobremesa e trocar o refrigerante doce pelo zero? 

Se tomar refrigerante todos os dias no almoço (não faz bem para a saúde, ok?), você consome 40 g de açúcar por latinha. Ao multiplicarmos essa quantidade pelos 365 dias do ano, o total chega a 14,6 kg de açúcar consumido anualmente — trata-se de um volume significativo. 

Em um período de 30 anos, essa quantidade alcança 438 kg — aproximadamente seis vezes o peso de uma pessoa com o peso médio da população. Um dado, no mínimo, assustador, não?

Essa conta é ainda mais impressionante para o dinheiro. Pequenas economias, ao longo de muito tempo, fazem uma grande diferença. Isso porque, enquanto no açúcar não tem multiplicação do juro composto (graças a Deus!), nas finanças essa maravilha entra em ação.

A teoria do “montinho, montão” é transformar pequenos passos em grandes vitórias no longo prazo. Pode servir para a construção muscular, perda de gordura, construção patrimonial, melhora geral da saúde etc.

A frase mais importante de nossa conversa hoje é: “um pouco todo dia!”.

Acumular patrimônio com ações e FIIs

Compre um pouco todo mês, ao longo de muitos anos. Você verá seu patrimônio e sua renda crescendo e pode usufruir desse patrimônio, sim, sempre que quiser.

Investir bem é simples, mas não é fácil (frase traduzida do “it’s simple, but not easy”). A ideia é simples de entender, porém, a execução não é fácil. Investir em bons ativos, com aportes mensais, focando no longo prazo… e esperar. Se o mercado cair, comprar mais — sem nunca se emocionar demais com o mercado. 

Não é fácil porque não somos pacientes, quando o preço cai queremos vender e tendemos a escolher ativos mais com o coração do que com a razão.

Me considero uma pessoa mediana. Trabalhei e usufruí ao longo da vida, mas mesmo já tendo patrimônio e renda para “viver de renda”, continuo trabalhando (e usufruindo da renda, claro!).

Já viajei muitas vezes para a Europa, com toda a minha família. A última viagem durou dois meses, passei por 10 países, 49 cidades e gastei o equivalente a um carro zero quilômetro na viagem (sem arrependimento algum!). 

Fiquei em hotéis confortáveis (não os melhores ou mais caros), viajei a maior parte do percurso em trens, usufruindo das paisagens, fiz minhas refeições em restaurantes… tudo com minha família. Tudo o que era necessário para uma boa experiência, porém sem esbanjar.

Como tudo isso foi custeado? Bom, não precisei vender nenhum ativo; foi custeado apenas com as minhas fontes de renda (trabalho, negócio próprio, investimentos): a renda dos ativos direcionada para uma conta específica, para juntar o recurso necessário. Usufruí, mas sem deixar de acumular patrimônio. 

Estou na fase de acumulação e de fruição. Vou usufruindo durante a vida, mas sem deixar de acumular patrimônio. Sim, é possível, mas demora alguns bons anos para chegar a esse ponto. Eu tive tempo, paciência e disciplina.

Não precisa ser 8 ou 80. Equilíbrio é a chave.

 Fonte: Arquivo pessoal

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FIIs na fase de acumulação: por que fazem sentido?

Embora muitos torçam o nariz para o investimento em FII na fase de acumulação, faz completo sentido o aporte nessa classe de ativos. Sabe o porquê? Porque FIIs possuem um rendimento ótimo e com risco mais baixo do que ações — mesmo sendo renda variável. 

Sabe aquela frase que já ouviu que “FIIs possuem rentabilidade de renda fixa com risco de renda variável?”. Bom, esqueça. FIIs te entregam um bom retorno, com renda mensal. Dá para usufruir e construir patrimônio!

A figura abaixo traz a rentabilidade das ações no Brasil e nos EUA ao longo dos últimos 50 anos (Ibovespa e Dow Jones). A rentabilidade das ações no Brasil foi de 5,91% a.a. acima da inflação. Um bom retorno, pois a maioria dos investidores perde para essa média. 

Os FIIs tiveram um retorno próximo a isso, com menor volatilidade (cerca de um terço). O Ifix, que mede o desempenho dos fundos imobiliários, ainda é recente. Mas um FII com retorno de “IPCA+6” tende a entregar um retorno próximo à média do mercado e com uma ótima relação risco-retorno. 

 Retorno acumulado do Ibovespa x Dow Jones em 50 anos. Fonte: Economatica e Nord Investimentos

Dá para ter FIIs em uma carteira de acumulação? Sim, com certeza! Mas não só FIIs, claro!

Diversificação é a chave: FIIs, ações e renda fixa

Quando se fala em portfólio de investimentos, não existe ideia mais antiga nem mais avançada. É o melhor para o investidor médio. Alguns casos raros, de pessoas que enriqueceram investindo apenas em uma ação, um criptoativo, ou em jogo de loteria, não são regra — é exceção. E “a exceção é o exemplo do tolo”. 

Um investidor deveria ter renda variável (deveria aprender a conviver com a volatilidade) e renda fixa. Ambos. E quem afirma isso não sou eu: essa frase é de Benjamin Graham, o pai do investimento em valor e mentor do maior investidor do mundo, Warren Buffett. E ele escreveu sobre isso um século atrás!

Uma carteira diversificada atravessa melhor os diferentes cenários econômicos. Ações caíram? Você vai comprar mais ações. Subiram muito? Invista em renda fixa ou FIIs. Portfólio, é o mais importante, não se esqueça disso.

Aprenda na prática: aula gratuita 'Renda Todo Mês'

No dia 16 de setembro, darei continuidade a esse bate-papo em uma aula on-line e gratuita, especialmente voltada para quem deseja aprender, na prática, como viver de renda com FIIs.

Irei mostrar a estratégia que foi um divisor de águas na minha vida, na da minha família e de muitos outros investidores. 

Se você busca aprendizado com profundidade e apoio real, garanta já sua vaga no link abaixo:

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Nos vemos na aula do dia 16/09.