O mercado de ETFs no Brasil vem crescendo nos últimos anos, tanto em patrimônio quanto na disponibilidade de produtos. Esse processo de expansão é fruto da busca dos investidores por maior eficiência nos custos em relação aos fundos discricionários tradicionais, maior conscientização financeira e até mesmo da rentabilidade abaixo do esperado pelos multimercados nos últimos anos.

De acordo com o boletim da B3 de agosto de 2025, o número de investidores que investem em ETFs é de 817 mil pessoas, um crescimento de 14,6% em relação a dezembro de 2024 (713 mil).

Em dezembro de 2020, o número de investidores em ETFs era de apenas 288 mil. Ou seja, desde o final de 2020, houve um crescimento de 183,7%, com destaque para os ETFs de renda variável internacional e doméstica, além do aumento recente de investidores em ETFs de renda fixa local.

Em 2025, os ETFs (Exchange Traded Funds) vêm se destacando em captação. Fonte: B3. Elaboração Nord Research

Abaixo, estão os ETFs com maior número de investidores entre as categorias de renda variável local, renda variável internacional e renda fixa, conforme as classificações da B3.

ETFs de renda variável local com maior número de investidores

RankingETFN.º de investidores
1BOVA1187.090
2SMAL1140.855
3DIVO1124.840
4BBOV1118.710
5SPYI1118.026

Fonte: B3

  • BOVA11: replica o índice Ibovespa.
  • SMAL11: replica o índice de small caps da B3, ou seja, empresas menores.
  • DIVO11: replica o Índice Dividendos (IDIV), focado em ações pagadoras de dividendos.
  • BBOV11: replica o índice Ibovespa.
  • SPYI11: apesar de ser classificado como ETF de renda variável pela B3, o SPYI11 investe no S&P 500, a principal bolsa americana, e adota uma estratégia de venda de opção de compra para pagar dividendos sintéticos.

ETFs de renda variável internacional com maior número de investidores

RankingETFN.º de investidores
1IVVB11217.039
2HASH11126.579
3GOLD1171.984
4NASD1141.961
5QBTC1139.443

Fonte: B3

  • IVVB11: replica o índice S&P 500.
  • HASH11: segue um portfólio de criptomoedas, como bitcoin (maior peso, cerca de 73%) e Ethereum (14%).
  • GOLD11: replica o preço do ouro.
  • NASD11: replica o índice Nasdaq, bolsa americana com maior proporção de empresas de tecnologia.
  • QBTC11: investe em bitcoin.

ETFs de renda fixa com maior número de investidores

RankingETFN.º de investidores
1B5P21123.365
2LFTS1114.150
3LFTB1112.835
4IMAB119.839
5DEBB119.838

Fonte: B3

  • B5P211: compra Tesouro IPCA+ com vencimentos de até 5 anos.
  • LFTS11: compra Tesouro Selic.
  • LFTB11: compra Tesouro Selic e Tesouro IPCA+ longo.
  • IMAB11: compra Tesouro IPCA+ de todos os vencimentos.
  • DEBB11: investe em crédito privado pós-fixado.

ETFs batem recorde de captação e de patrimônio

No mesmo período, o patrimônio líquido do setor superou R$ 65 bilhões, atingindo o maior valor da série histórica. São números que não apenas impressionam, mas sinalizam uma mudança de patamar.

Fonte: B3

Entre agosto de 2024 e julho de 2025, os ETFs captaram R$ 5,8 bilhões líquidos, sendo superados apenas pelos fundos de renda fixa entre os produtos tradicionais. 

Nesse intervalo, 23 novos ETFs foram lançados, elevando o total para 127, um crescimento de 22% em apenas um ano. Já o número de contas ativas ultrapassou 1,1 milhão. 

Esses avanços são mais do que estatísticas: refletem uma sofisticação crescente nas estratégias patrimoniais do brasileiro.

O que há de novo entre os ETFs brasileiros?

Entre os 23 novos ETFs lançados recentemente na B3, alguns chamam a atenção pela inovação, foco em rendimento e diversificação internacional. A equipe da Nord Investimentos analisou os destaques dessa nova safra:

  • GOLD11: já consolidado como uma das principais portas de entrada para exposição ao ouro no Brasil. Pode ser utilizado em diferentes contextos macroeconômicos em razão das características do metal.
  • UTLL11: foca em empresas de utilities, que costumam ser mais resilientes aos diferentes ciclos econômicos no Brasil. Esse ETF investe em empresas que tendem a ser boas pagadoras de dividendos.
  • HGBR11 e HYBR11: oferecem exposição a crédito privado nos EUA, com o HGBR11 focado em companhias com grau de investimento (mais seguras) e o HYBR11 focado em empresas high yield (mais arriscadas).
  • AURO11: ETF lastreado em ouro, mas com a particularidade de pagar dividendos sintéticos por meio de uma estrutura de opções.
  • RICO11: o índice foi projetado para acompanhar o desempenho das 50 principais companhias listadas nos EUA cujas ações são detidas por bilionários norte-americanos.
  • GBTC11: alocação dinâmica entre bitcoin e ouro conforme a volatilidade relativa dos ativos.

Quem lidera esse movimento?

O amadurecimento é visível também no perfil dos investidores. Na B3, os institucionais responderam por 51% do volume negociado em agosto, enquanto os estrangeiros representaram 33,3%. 

O volume médio diário de negociação (ADTV) permanece robusto, acima de R$ 1,5 bilhão. Um dado relevante é o crescente uso de ETFs em operações de empréstimo, especialmente com fundos como IVVB11 e GOLD11, evidenciando sua integração em estratégias mais elaboradas de alocação.

Um mercado que acompanha o mundo

A oferta de ETFs no Brasil deixou de ser tímida. Hoje, o investidor encontra desde fundos com exposição internacional até ETFs que distribuem dividendos, misturam renda fixa e variável ou replicam setores inovadores, como tecnologia, commodities e criptoativos. 

Isso é um reflexo direto de avanços regulatórios e de uma demanda cada vez mais sofisticada por diversificação e eficiência tributária.

Por que os ETFs têm ganhado força?

Os principais atrativos dos ETFs são: custos mais baixos, simplicidade operacional e a possibilidade de acessar uma carteira diversificada com apenas um ativo. 

Embora o crescimento já seja notável, o Brasil ainda está longe de atingir seu potencial pleno nesse segmento, sobretudo quando comparado a países mais maduros, como os EUA.

O que se observa é apenas o início de um movimento estrutural. Em um país com histórico de concentração bancária, baixa educação financeira e elevada complexidade tributária, os ETFs representam uma alternativa inteligente, transparente e acessível. São instrumentos que não apenas democratizam o acesso ao mercado, mas também ampliam as possibilidades de proteção, eficiência e governança patrimonial.

Um instrumento a serviço do planejamento

Na Nord Wealth, entendemos os ETFs como peças fundamentais na arquitetura de uma carteira moderna e resiliente. Utilizamos esses veículos não apenas para diversificação, mas como instrumentos de estratégia fiscal, sucessória e geográfica — especialmente quando integrados a estruturas mais amplas de proteção patrimonial.

Para famílias que buscam eficiência sem abrir mão de segurança, os ETFs podem ser aliados poderosos. Mas, como todo instrumento, seu uso exige critério, análise e clareza de objetivos. Por isso, reforçamos sempre: mais do que seguir tendências, é preciso estruturar decisões com inteligência — com foco no longo prazo e na perpetuação do patrimônio.