Embraer (EMBJ3) registra alta de 16% na receita no 3T25, mas lucro líquido recua 76%
No 3T25, a Embraer aumentou a receita em 16%, com destaque para a aviação comercial, mas o lucro líquido ajustado caiu 76%. Confira a análise completa
A Embraer (EMBJ3) reportou uma receita líquida de R$ 10,87 bilhões, o que representa um crescimento de 15,8% em relação ao 3T24, impulsionado principalmente pelas divisões de Aviação Comercial (+28%) e Defesa & Segurança (+24%). Apesar do bom desempenho operacional, o Ebitda ajustado caiu 35,4%, totalizando R$ 1,28 bilhão, com a margem Ebitda recuando de 21,1% para 11,7% na comparação anual.

Já o lucro líquido ajustado despencou 76,4%, chegando a R$ 289,4 milhões, refletindo uma base de comparação difícil. O 3T24 havia sido beneficiado por um ganho não recorrente de US$ 150 milhões relacionado ao acordo com a Boeing.
Desempenho por divisão
Entre os destaques positivos, a empresa alcançou uma carteira de pedidos recorde de US$ 31,3 bilhões, com crescimento de 38% em 12 meses. O fluxo de caixa livre ajustado (excluindo a Eve) também foi sólido, somando R$ 1,6 bilhão no trimestre.
As entregas totais atingiram 62 aeronaves, um aumento de 5% em relação ao mesmo período do ano anterior, mantendo a Embraer dentro do ritmo necessário para cumprir o guidance anual. Por outro lado, os custos elevados, como tarifas de importação nos EUA, despesas logísticas e um mix de produtos menos rentável, pressionaram fortemente as margens.
Na análise por unidades de negócio, a Aviação Comercial gerou R$ 3,3 bilhões em receita, com crescimento expressivo e entregas de 20 aeronaves. A Aviação Executiva teve receita de R$ 3,2 bilhões, praticamente estável, com 41 entregas no trimestre. Já o segmento de Defesa apresentou R$ 1,5 bilhão de receita, apoiado por entregas do KC-390 e vendas do A-29 Super Tucano. Serviços & Suporte teve receita de R$ 2,7 bilhões e registrou alta de 14% em relação ao 3T24.
Queda no lucro líquido e seus motivos
Por outro lado, o trimestre também trouxe pontos de atenção. Apesar do avanço operacional, o lucro líquido caiu fortemente. Essa redução foi explicada principalmente pelo impacto negativo da Eve, pelas perdas no resultado financeiro líquido e pela variação no imposto de renda diferido.
A margem líquida ajustada foi de apenas 2,7%, contra 13,1% no 3T24. Em termos operacionais, a margem Ebit ajustada de algumas divisões, como Serviços & Suporte e Aviação Executiva, também recuou.
Solidez financeira da Embraer
A posição financeira da Embraer, no entanto, continua sólida. A companhia encerrou o trimestre com dívida líquida de US$ 439 milhões (queda ante os US$ 848 milhões de um ano antes) e alavancagem medida por dívida Líquida/Ebitda ajustado em 0,5x, uma redução relevante frente aos 1,3x do 3T24.
O caixa total somou US$ 2,1 bilhões, superando a dívida bruta (ex-Eve), e a empresa segue em trajetória consistente de desalavancagem desde 2021.
Guidance para 2025 e distribuição de proventos
Em relação às projeções, a Embraer mantém guidance de receita entre US$ 7,0 e US$ 7,5 bilhões para 2025, com expectativa de margem Ebit ajustada entre 7,5% e 8,3%, patamar compatível com os 8,6% registrados nos nove primeiros meses do ano. O capex previsto supera os US$ 200 milhões.
A empresa também anunciou distribuição de proventos, incluindo dividendos e juros sobre capital próprio (JCP), totalizando R$ 209,7 milhões, com pagamento estimado para o segundo trimestre de 2026.
Atualmente, o dividend yield (DY) da Embraer (0,08%) é considerado baixo, indicando que a companhia está retendo a maior parte de seus lucros para reinvestir no negócio ou pagar dívidas, em vez de distribuí-los aos acionistas.
Ações da Embraer em alta: risco ou chance de entrada?
As ações da Embraer, que estrearam o novo ticker "EMBJ3" na B3, no início desta semana, acumulam ganhos de cerca de +50% no acumulado de 2025. O resultado é impulsionado por acordos comerciais bilionários firmados ao longo do ano.
Porém, o tarifaço de Donald Trump, aos produtos brasileiros vem pesando sobre a Embraer, embora a empresa tenha entrado para a lista de exceções do presidente norte-americano.
Os resultados do 3T25 indicam uma operação com fundamentos saudáveis e crescimento consistente da receita, apoiado por uma carteira de pedidos sólida e aumento das entregas — sobretudo na aviação comercial. No entanto, a queda expressiva do lucro líquido e o impacto negativo da Eve apontam para desafios de curto prazo que não podem ser ignorados.
O desempenho financeiro pressionado pode gerar volatilidade, especialmente se os investimentos em novas tecnologias não se traduzirem em rentabilidade futura.
Diante desse cenário, mantemos, por ora, uma posição neutra em relação às ações da Embraer, sem recomendação de compra.

