Dividendos extraordinários em 2025: empresas antecipam pagamentos antes de nova tributação
Com uma nova tributação batendo à porta, muitas empresas estão correndo para fazer contas e anunciar dividendos extraordinários ainda em 2025
É, meus amigos e minhas amigas, parece que o Papai Noel chegou mais cedo neste ano!
Nas últimas semanas, diversas empresas da Bolsa brasileira vêm anunciando a distribuição de dividendos gordos e alegrando o final de ano de seus acionistas.
Apesar de serem extraordinários (não devemos esperar distribuições futuras semelhantes de muitas delas), os proventos elevarão — e muito — os rendimentos presentes.
Contudo, antes de comentarmos sobre quem está anunciando e quem ainda pode anunciar dividendos extraordinários em 2025, é importante saber os motivos dos anúncios.
Por que tantas empresas estão antecipando dividendos?
Como amplamente noticiado e analisado por aqui há pouco tempo, o Brasil se prepara para uma nova tributação, que entrará em vigor a partir do dia 1º de janeiro de 2026.
Com a aprovação recente da isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil por mês, a saída para “compensar” o movimento foi tributar os dividendos no país.
A partir do próximo ano, os dividendos distribuídos por uma mesma empresa a um mesmo investidor, que ultrapassarem o valor mensal de R$ 50 mil, serão tributados em 10% na fonte.
Ainda, os rendimentos anuais (que não consideram apenas dividendos, mas também aluguéis e outras rendas) que ultrapassarem R$ 600 mil também serão tributados com uma alíquota progressiva que vai de 0% (R$ 600 mil/ano) a 10% (R$ 1,2 milhão/ano).

Para “driblarem” a nova tributação, muitas empresas estão correndo contra o tempo para aprovar a distribuição de dividendos extraordinários, tendo em vista que os proventos anunciados até o dia 31 de dezembro de 2025 continuarão isentos (como são hoje).
Vale destacar que os dividendos anunciados não precisam, necessariamente, ser distribuídos ainda em 2025. Os mesmos poderão ser pagos entre 2026 e 2028.
Agora, a pergunta que não quer calar é:
Quais empresas podem pagar dividendos extraordinários?
O fato de poderem antecipar os dividendos não quer dizer que todas anteciparão.
As distribuições estão condicionadas ao momento de cada companhia (em especial, se ela está investindo em crescimento ou não) e, principalmente, à sua saúde financeira.
Basicamente, estão “aptas” para distribuírem dividendos extraordinários, empresas que têm:
- Baixos níveis de alavancagem (dívidas controladas);
- Reservas de lucro consideráveis em seu patrimônio líquido;
- Sólida posição de caixa;
- Um histórico (no mínimo razoável) de distribuições nos últimos anos.
É claro que existem companhias que não preenchem todos os “pré-requisitos”, mas, na maioria dos casos, as premissas acima acabam sendo fatores em comum.
Algumas empresas estão avaliando, inclusive, levantar recursos com a venda de ações (após as altas recentes) e utilizá-los para antecipar os dividendos extraordinários.
A depender da condição de preços e considerando o movimento como pontual, pode até fazer sentido. Porém, a tendência é que seja uma exceção (ainda mais pelo prazo apertado).
Quais empresas já anunciaram dividendos extraordinários em 2025?
Até a data que estou escrevendo este artigo (2 de dezembro de 2026), muitas empresas já anunciaram seus dividendos extraordinários, incluindo algumas do Nord Dividendos.
Na nossa carteira, destacam-se o Itaú (ITUB3) e a Vale (VALE3), que pagarão montantes respectivos de R$ 23,4 bilhões e R$ 15,3 bilhões — valores que representam um rendimento (dividend yield) de 5,9% no caso do banco e de 5,4% para a mineradora.
Com o anúncio do Itaú, sua controladora Itaúsa (ITSA4) também já informou seus acionistas sobre o pagamento de um dividendo no valor total de R$ 8,7 bilhões.
Outra do nosso portfólio, a Marcopolo (POMO3), apresentou um dividendo com um montante menor, de R$ 879 milhões, mas com um dividend yield de 11% (na data do anúncio).
Ainda, vale destacar outras distribuições fora da carteira, como (i) R$ 6,6 bilhões pela WEG (WEGE3), (ii) R$ 1,9 bilhão pela Allos (ALOS3) e (iii) R$ 1,1 bilhão pela Ultrapar (UGPA3).
Confira, abaixo, as principais empresas que já anunciaram dividendos extraordinários:

Por fim, vale destacar que a Axia (AXIA3), antiga Eletrobras, que já havia distribuído proventos recordes em 2025, declarou um dividendo sobre lucros acumulados de quase R$ 40 bilhões, a serem pagos em uma nova classe de ações resgatáveis (Axia PNC).
Quais ainda podem pagar dividendos extraordinários?
Segundo levantamento da XP, ainda restariam cerca de R$ 30 bilhões de um total projetado de R$ 85 bilhões que poderão ser anunciados nesta reta final de ano.
Entre os setores que ainda se destacariam nas distribuições extraordinárias estão papel e celulose, mineração e siderurgia, propriedades comerciais, elétricas e óleo e gás.
Inclusive, se as empresas que atuam nesses e outros setores utilizassem todas as suas reservas e lucros retidos na distribuição de dividendos (o que não deve acontecer), os dividend yields setoriais poderiam variar de 6% a 38% (com uma média de 22%).
Vale lembrar que a média histórica das boas pagadoras de dividendos no Brasil é de 6%.

Como mencionei anteriormente, algumas companhias da carteira do Nord Dividendos já deixaram ótimos presentes embaixo de nossas árvores de Natal.
Acreditamos que outras surpresas positivas ainda podem aparecer nos próximos dias. Não sou Papai Noel, mas vou abrir uma delas aqui: a PetroReconcavo (RECV3).
Mesmo que suas ações estejam sendo impactadas pela queda recente do preço do petróleo, estamos falando de uma empresa com operações maduras e uma situação financeira bem confortável (baixa alavancagem, alta geração de caixa e boa reserva de lucros).
A companhia, inclusive, tem o costume de anunciar dividendos nos finais de ano — a diferença é que, desta vez, o provento tende a ser maior do que em anos anteriores.

