Os Correios enfrentam uma crise financeira significativa, acumulando um prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024, o maior da história da estatal. As demonstrações financeiras referentes ao ano passado foram divulgaram pela empresa no dia 9 de maio.

O resultado corresponde a 50% do déficit total de 20 estatais federais, que atingiu R$ 6,3 bilhões, desconsiderando as exceções previstas no Orçamento, e as grandes empresas, como a Petrobras e o Banco do Brasil.

Qual o rombo dos Correios?

O Correios anunciou um rombo de R$ 2,6 bilhões em 2024. A título de curiosidade, o rombo atual da estatal supera o saldo negativo de R$ 2,1 bilhões registrado em 2015, durante o governo de Dilma Rousseff. 

Qual a situação dos Correios?

Em comunicado oficial, os Correios informaram que o desempenho da empresa no ano passado foi impactado por diversos fatores, incluindo a redução das receitas no segmento postal, a implementação do programa Remessa Conforme — que regulamentou as compras internacionais — e os investimentos realizados pela estatal.

Os Correios ressaltaram que um dos principais desafios para 2025 será a reversão do resultado deficitário.

Por que os Correios voltaram a dar prejuízos?

A atual gestão dos Correios atribui parte das dificuldades financeiras à "herança contábil" da administração anterior e o Programa Remessa Conforme, conhecido como "taxa das blusinhas", que impactaram negativamente o volume de encomendas internacionais. 

Quais medidas os Correios estão tomando para evitar "insolvência"?

Em resposta à deterioração financeira, a atual administração está conduzindo um plano de recuperação abrangente, com ênfase na inovação, sustentabilidade financeira, modernização operacional, inclusão social e expansão para novos mercados, como Banco Digital, Marketplace, seguros, conectividade e logística voltada para a área da saúde.

Segundo comunicado interno revelado pela Veja em maio de 2025, os Correios suspenderam a concessão de férias por tempo indeterminado e decretaram o retorno obrigatório ao trabalho presencial, encerrando o home office. Além disso, a estatal reduziu o valor pago a título de gratificação de função, impactando diretamente os rendimentos de milhares de servidores.

Correios suspendem entregas de correspondências

A crise nos Correios tem afetado diretamente a distribuição de correspondências, causando atrasos significativos e até mesmo a interrupção completa das entregas em algumas cidades brasileiras, segundo a coluna Radar, de Robson Bonin, da Veja. Recentemente, investigadores do MPF abriram um inquérito para monitorar a bagunça na estatal.

Privatização dos Correios e risco de intervenção do Tesouro

A situação dos Correios destaca a necessidade de uma reestruturação profunda para garantir a continuidade dos serviços e a viabilidade econômica da empresa.

O alerta de insolvência revela o risco de os Correios quebrarem e necessitarem de resgates financeiros do Tesouro Nacional para seguir operando, além de reacender o debate sobre uma possível privatização da estatal. 

Embora a administração atual atribua os problemas financeiros à gestão passada (de Bolsonaro), os dados mostram que a estatal obteve lucro em três dos quatro anos do governo Bolsonaro, intensificando as críticas à estratégia adotada recentemente.

Empresas estatais brasileiras tem déficit histórico em 2024

As estatais federais registraram um déficit de R$ 8,073 bilhões em 2024, conforme dados do Banco Central (BC).

Outras empresas estão em situação delicada, como a Infraero e a Casa da Moeda.

Concurso público dos Correios

Mesmo com o rombo em 2024, os Correios abriram concurso público em dezembro de 2024 para contratar 3.511 funcionários, com salários de R$ 2.429,26 a R$ 6.872,48, com oportunidades de cadastro reserva e benefícios adicionais. As inscrições foram encerradas em janeiro de 2025.