Certificados de Operações Estruturadas (COEs) vinculados a papéis de Braskem e Ambipar causaram prejuízos milionários a investidores. Apesar de oferecerem retornos atrativos, supostamente com risco moderado, os produtos financeiros embutiam cláusulas de vencimento antecipado que, ao serem acionadas, levaram a perdas severas. 

Entenda o que aconteceu e como avaliar os riscos de um COE antes de investir.

COEs geram prejuízo com papéis da Braskem e Ambipar

Investidores que aplicaram em COEs ligados aos bonds de Braskem e Ambipar enfrentam perdas expressivas após os ativos de referência caírem mais de 50% no mercado secundário. A queda ativou cláusulas contratuais de vencimento antecipado obrigatório, limitando os valores a serem devolvidos.

No caso da Ambipar, investidores de emissões feitas até 18 de março de 2024 receberam apenas 6,88% do valor aplicado, com liquidação financeira imediata. Já nos COEs ligados à Braskem, emitidos até 25 de março de 2024, o retorno variou entre 26,62% e 36,97% do capital original, com liquidação programada para 10 de outubro.

O que é um COE e por que pode ser tão arriscado?

COE, ou Certificado de Operações Estruturadas, é um produto híbrido que mistura renda fixa com componentes de renda variável ou crédito privado. Sua estrutura pode variar amplamente, o que significa que os riscos também mudam de acordo com os ativos subjacentes.

No caso da Ambipar, o COE oferecia um retorno estimado de 16% ao ano. Porém, qualquer evento de crédito — como tentativa de renegociação de dívida ou alteração no pagamento — bastava para que a cláusula de vencimento antecipado fosse disparada, anulando a proteção do capital.

Por que tantos investidores confiaram?

Apesar dos riscos, muitos desses COEs são comercializados como produtos com proteção parcial (ou integral) e boarentabilidade. Acessando os mais diversos mercados, sempre há um COE disponível que converse com a tendência do momento.

No caso acima, com expectativas positivas para a trajetória de queda de juros, os produtos foram oferecidos como ativos com crédito robusto, boas garantias, e uma remuneração travada competitiva.

Como avaliar se o COE vale a pena?

Antes de aplicar em um COE, é fundamental:

  • Compreender integralmente a estrutura e os ativos de referência;
  • Analisar detalhadamente as cláusulas de vencimento antecipado;
  • Verificar se há ou não garantia real de capital;
  • Comparar com outras opções de investimento com risco mais controlado;
  • Questionar promessas de retorno alto com baixo risco;
  • Verificar se o prazo de vencimento está de acordo com o seu horizonte de investimento por ser um ativo de baixíssima liquidez.

Os COEs exigem atenção e um nível elevado de conhecimento. Em cenários de estresse no mercado, até empresas reconhecidas podem passar por eventos de crédito e gerar perdas ao investidor. 

Por isso, ao investir em crédito privado, é fundamental manter uma carteira bem diversificada, evitando alta concentração em devedores específicos, e estar ciente das cláusulas do instrumento de crédito.