Lucro líquido do Carrefour (CRFB3) cresce cinco vezes no 1T25
Carrefour (CRFB3) lucra R$ 282 milhões no 1T25, alta de 446%
No primeiro trimestre de 2025, o Grupo Carrefour Brasil (CRFB3) apresentou uma receita operacional consolidada de R$ 26,1 bilhões, um crescimento de 5,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Ebitda ajustado foi de R$ 1,47 bilhão, aumento de 3,7% na comparação anual. O lucro líquido ajustado somou R$ 282 milhões, uma alta expressiva de 446,6%, ou 5,5 vezes superior ao resultado reportado no 1T24.

Atacadão puxa as vendas do grupo
O destaque do trimestre foi o segmento Atacadão, responsável por 72% das vendas do grupo. Esse braço do negócio apresentou crescimento de 7,3% nas vendas brutas, apoiado na expansão de lojas e desempenho sólido das unidades convertidas do antigo Grupo BIG.
O Ebitda do segmento avançou 12,7%, com margem em 6,8% (+0,2 p.p.), sustentada por ganhos operacionais e escala. Por outro lado, o segmento Varejo apresentou retração de 6,3% nas vendas e queda de 13,8% no Ebitda, penalizado pelo efeito calendário da Páscoa, pela conversão e fechamento de lojas e por maior peso de unidades ainda em maturação.
Já o Sam’s Club também sofreu com a mudança no calendário e aumento de despesas para expansão da base de sócios, resultando em uma queda de 83,7% no Ebitda.
Banco Carrefour cresce, mas eficiência segue abaixo da média do setor
O Banco Carrefour, apesar dos impactos da nova Resolução Bacen 4966, que mudou a regra de reconhecimento de inadimplência e juros, conseguiu crescer 11,8% no Ebitda e alcançou lucro líquido de R$ 124 milhões.
A inadimplência, no entanto, apresentou deterioração relevante: o índice acima de 90 dias subiu para 14,6% (+2,7 p.p.) e o acima de 30 dias atingiu 18,5% (+3,5 p.p.). Mesmo com esse cenário, o índice de eficiência do banco foi de 24,9%, ainda abaixo da média dos grandes bancos e fintechs do país.
Grupo fecha trimestre mais alavancado
A alavancagem do grupo cresceu no período. A dívida líquida totalizou R$ 15,6 bilhões, incluindo aluguéis e recebíveis descontados, com indicador dívida líquida/Ebitda ajustado nos últimos 12 meses em 2,4x, ante 2,24x um ano antes. Esse aumento reflete principalmente a maior necessidade de capital de giro, causada pelo deslocamento da Páscoa e por mudanças no mix de meios de pagamento.
O fluxo de caixa livre desalavancado em 12 meses foi de R$ 2,7 bilhões, queda de 48% frente ao mesmo período de 2024.
Até o momento, não há guidance divulgado para os próximos trimestres, nem informações sobre distribuição de dividendos ou JCP.
OPA do Carrefour Brasil: varejista caminha para fechar capital
O trimestre também marcou a aprovação da oferta do Carrefour França para aquisição do free float do Grupo Carrefour Brasil, indicando o processo de fechamento de capital. A expectativa é de que, como empresa privada, o grupo ganhe agilidade na tomada de decisões e simplifique sua estrutura.
O que fazer com as ações do Carrefour em 2025?
Apesar do desempenho positivo do Atacadão, além da eficiência na gestão de custos e a resiliência do Banco Carrefour, os riscos da tese de investimento estão concentrados na elevação da inadimplência, na performance ainda frágil do varejo e no aumento da alavancagem, exigindo atenção aos segmentos mais pressionados e à evolução do risco de crédito. Diante desse contexto, preferimos ficar de fora das ações CRFB3.