O bitcoin (BTC) registrou uma das suas maiores quedas recentes, rompendo a barreira dos US$ 87 mil e recuando para os níveis mais baixos desde abril. Apenas nesta semana, o ativo caiu mais de -4%, acumulando perdas superiores a -20% no mês e mais de -8% nos últimos 12 meses. 

Na manhã desta sexta-feira, 21, o BTC é negociado no patamar de US$ 82 mil, com a aversão global ao risco.

O que causou a recente queda do bitcoin?

A movimentação dos mineradores e a saída de capital dos ETFs foram os principais gatilhos para essa correção intensa.

Mineradores venderam cerca de US$ 172 milhões em BTC, a maior liquidação em seis semanas, enquanto ETFs à vista como os da BlackRock e da Fidelity enfrentaram resgates de US$ 278 milhões

Isso derrubou o preço do ativo para a faixa dos US$ 86 mil, consolidando a maior correção desde o pico de outubro, quando o BTC superava os US$ 126 mil. A liquidez saiu do mercado e o sentimento passou da ganância para o medo, contribuindo para o recuo entre 25% e 30% no período.

Pressões macroeconômicas e juros nos EUA

Essa virada negativa é explicada por uma combinação de fatores. Do ponto de vista macroeconômico, aumentou a incerteza em relação aos cortes de juros nos Estados Unidos, e o mercado já não acredita em uma postura mais branda do Federal Reserve. Condições financeiras mais apertadas e o temor de uma inflação prolongada por conta de tarifas comerciais têm pressionado os ativos de risco, incluindo as criptomoedas.

Além disso, os ETFs de bitcoin vêm sofrendo saídas líquidas que já somam quase US$ 3 bilhões apenas em novembro. Grandes fundos como o IBIT, da BlackRock, registraram saques recordes em um único dia. 

Realização de lucros e movimentações on-chain

Outro fator importante é a realização de lucros por parte de investidores institucionais e detentores de longo prazo. Dados de blockchain revelam bilhões de dólares em BTC sendo transferidos de carteiras privadas para exchanges, sinal de vendas estratégicas para garantir ganhos da alta acumulada no ano.

Análise técnica: o rompimento de suportes e o sentimento do mercado

No aspecto técnico, o bitcoin rompeu suportes importantes, inclusive o nível psicológico dos US$ 100 mil. A pressão aumentou com liquidações de contratos futuros e o crescimento dos saldos de BTC em exchanges como Binance, o que reforça o sentimento de venda. A maioria dos indicadores técnicos aponta para uma tendência de "forte venda".

Ainda vale a pena investir em bitcoin abaixo de US$ 90 mil?

Diante desse cenário, a dúvida que muitos investidores têm é se ainda vale a pena investir em bitcoin pensando no longo prazo. A resposta depende do perfil de risco e da visão individual sobre o futuro do ativo. 

Historicamente, o bitcoin passou por correções severas antes de retomar movimentos de alta, o que pode indicar uma oportunidade de entrada para quem acredita na tese de longo prazo da criptomoeda como reserva de valor digital.

Por outro lado, o momento atual exige cautela. A volatilidade é alta, os riscos macroeconômicos seguem no radar, e o comportamento dos investidores institucionais continuará a influenciar os preços. 

A retomada dos fluxos para os ETFs, uma política monetária mais favorável e o avanço da adoção institucional serão fatores decisivos para o desempenho do bitcoin nos próximos anos.

Cenários possíveis para o bitcoin até 2026

Olhando para 2026, há três cenários possíveis. Em um cenário otimista, com juros mais baixos, maior adoção e menos regulação, o BTC pode buscar novos topos históricos. Em um cenário moderado, é possível que a criptomoeda oscile entre US$ 80 mil e US$ 120 mil, dependendo do apetite por risco global. 

Já em um cenário pessimista, com regulação hostil e ambiente macroeconômico adverso, o bitcoin pode continuar pressionado ou até perder valor.

Considerações finais: cautela ou oportunidade?

Em resumo, a queda recente do bitcoin é reflexo direto da saída de capital, do sentimento de aversão ao risco e das incertezas macroeconômicas. 

Para o investidor de longo prazo, a estratégia pode fazer sentido, desde que haja consciência sobre os riscos envolvidos e disposição para suportar períodos prolongados de volatilidade.