BBSE3: perspectivas desafiadoras em 2026, mas dividendos seguem firme
BB Seguridade distribui dividendos robustos em 2025, mas 2026 exigirá cautela com lucros menores, segundo coluna Dividendo à Vista, do E-Investidor
A BB Seguridade (BBSE3) se prepara para um cenário de transição econômica que pode afetar seus resultados em 2026. Em entrevista ao E-Investidor (Estadão), o CFO Rafael Sperendio destacou os principais pontos de atenção para os investidores.
Elaboramos um resumo com as perspectivas para os resultados da BB Seguridade, dividendos, impactos do agronegócio, dependência do Banco do Brasil e muito mais.
Impacto da Selic nos lucros da BB Seguridade
Os resultados das seguradoras dependem: (i) da emissão de prêmios de seguro (favorecida por juros mais baixos) e (ii) do rendimento dos prêmios investidos (favorecido por juros mais altos). Segundo Sperendio, a cada variação de 1 p.p. na Selic, o lucro da seguradora pode aumentar ou reduzir em cerca de R$ 100 milhões. Ou seja, o resultado operacional mais pressionado tem sido compensado pelo resultado financeiro.
No entanto, como há expectativa de queda da Selic já no próximo ano, os resultados financeiro e operacional tendem a se encontrar em um “vale”, que pode durar de 12 a 18 meses, até que a economia seja impulsionada pelo aumento do crédito e, consequentemente, pela expansão da emissão de prêmios de seguro.
Dividendos devem seguir atrativos mesmo com lucro menor
Nesse período de transição, previsto para 2026, a BB Seguridade deverá gerar resultados neutros ou até inferiores aos do ano anterior. Trata-se de um movimento considerado normal no ciclo de uma seguradora. Já em relação aos dividendos, como o payout deve permanecer em 90%, a expectativa é de que eles continuem atrativos, mantendo patamares de dois dígitos.
Riscos no agronegócio são limitados para a seguradora
Além disso, o CFO da BB Seguridade reforçou que a crise de inadimplência no agronegócio afeta mais diretamente o Banco do Brasil, uma vez que a seguradora só indeniza perdas climáticas. Além disso, a menor contratação de seguros rurais é diluída ao longo de 2 a 5 anos, já que a venda de apólices gera prêmio imediato, mas a receita é reconhecida gradualmente.
Vale reforçar que o seguro rural ainda é pouco desenvolvido em comparação ao crédito rural, com apenas 7% da área plantada protegida, o que abre espaço para crescimento e compensação de perdas em mercados pouco explorados.
Dependência do banco do brasil segue sob controle
Outra preocupação do mercado é o fim do contrato da BB Seguridade com o Banco do Brasil, previsto para 2031 (90% da receita da seguradora vem de negócios realizados nos balcões do banco). Apesar de ainda faltarem seis anos, o executivo afirmou enxergar “probabilidade zero” de não renovação, já que o Banco do Brasil detém 70% da seguradora.
Valuation atrativo reforça potencial da BBSE3
Sendo assim, apesar de um cenário não tão favorável, seguimos enxergando BBSE3 com bons olhos, tendo em vista sua boa visibilidade de resultados/dividendos e um valuation atrativo, de menos de 8x lucros –– abaixo de seu principal par, a Caixa Seguridade (CXSE3), que negocia a um múltiplo mais próximo a 10x lucros (e com dividend yield -35% menor).
Mantemos recomendação de COMPRA para BB Seguridade na série Nord Dividendos.