Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 3% após recuperação judicial nos EUA
Companhia aérea busca eliminar mais de US$ 2 bilhões em dívidas e manter operações durante processo nos EUA
A Azul (AZUL4) foi o grande destaque negativo do dia. A companhia aérea entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, utilizando o mecanismo do Chapter 11 da Lei de Falências americana.
Em reação, os ADRs (American Depositary Receipts) da Azul papéis chegaram a cair -31%, cotados a US$ 0,36. No Ibovespa hoje, AZUL4 fechou em queda de -3,74%.
Por que Azul entrou em recuperação judicial nos EUA?
A Azul iniciou nesta quarta-feira, 28, um processo de recuperação judicial nos Estados Unidos para reestruturar sua elevada dívida, que aumentou significativamente durante a pandemia de Covid-19.
A medida contou com o apoio e acordos de credores, sua maior arrendadora de aeronaves e os parceiros estratégicos United Airlines e American Airlines.
A situação atual da Azul
No primeiro trimestre de 2025 (1T25), a companhia registrou um prejuízo de R$ 1,8 bilhão, frente a uma perda de R$ 324 milhões no mesmo período de 2024.
Entre janeiro e março, as despesas operacionais da Azul cresceram de forma expressiva, alcançando R$ 4,824 bilhões — um aumento de 24,4% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior. Esse avanço foi impulsionado pela desvalorização de 18% do real frente ao dólar, pela alta de 3% no preço do combustível e por uma inflação acumulada de 5,5%.
Além disso, os gastos com tarifas aeroportuárias, manutenção e publicidade também apresentaram aumentos relevantes. Como resultado, o custo por ASK (CASK) teve alta de 7,6%, atingindo R$ 0,3768.
Em contrapartida, a receita líquida da companhia cresceu +15%, abaixo do ritmo de custos e despesas.
Uma combinação de custos elevados e resultado operacional em queda formalizou a situação da empresa, que já atravessa momentos difíceis.
No trimestre, a Azul finalizou seu endividamento em 5x dívida líquida/Ebitda e um cronograma de amortização bastante apertado, com metade dos compromissos a serem honrados até 2028.
AZUL4: queda acumula supera 70% em 12 meses
As ações da Azul (AZUL4) enfrentam forte movimento de baixa, tanto no curto quanto no médio prazo. Em maio, os papéis acumulam desvalorização de -29,93%, enquanto, no acumulado dos últimos 12 meses, o tombo supera -70%, refletindo o acúmulo de dívidas, desafios operacionais e a deterioração do ambiente macroeconômico para o setor aéreo.
Financiamento e reestruturação da dívida
Os acordos com credores da Azul preveem financiamento no valor de US$ 1,6 bilhão na modalidade “debtor-in-possession” (DIP), que será usado para refinanciar certas dívidas existentes e prover cerca de US$ 670 milhões em nova liquidez durante o processo.
A companhia prevê, ainda, a eliminação de mais de US$ 2 bilhões em dívidas e até US$ 950 milhões em aportes de capital ao fim do processo de recuperação judicial nos Estados Unidos.
Azul em recuperação judicial mantém operações ativas
A companhia aérea afirma que suas operações e vendas permanecem inalteradas durante o processo de recuperação judicial, mantendo clientes, tripulantes e parceiros como prioridade. Por conta do início do processo, a Azul retirou suas projeções financeiras para 2025, anteriormente divulgadas em apresentações públicas e em seu formulário de referência.
B3 exclui AZUL4 do Ibovespa
Como consequência do pedido de recuperação judicial nos EUA, a B3 anunciou a exclusão das ações AZUL4 de todos os seus índices, incluindo o Ibovespa, a partir do fechamento do pregão desta quinta-feira (29/05). A exclusão de uma ação de um índice da B3 significa que ela deixa de fazer parte da carteira teórica desse referencial.
Fusão entre Azul e Gol fica mais distante
A entrada da Azul Linhas Aéreas em recuperação judicial nos Estados Unidos, anunciada em 28 de maio de 2025, adiciona complexidade ao processo de fusão com a Gol Linhas Aéreas (GOLL4), que também entrou com processo de recuperação judicial (Chapter 11) nos Estados Unidos.

Ambas as companhias enfrentam desafios financeiros significativos, o que pode impactar o cronograma e a viabilidade da união.
No histórico, fica bastante claro que as companhias possuem resultados voláteis, o que, por consequência, gera impactos na alavancagem e coloca em dúvida o futuro das companhias.
Mantemos nossa recomendação de não investir em companhias aéreas.