Gripe aviária: quais ações de frigoríficos podem ser mais afetadas pelo embargo da China?
Surto de gripe aviária em granja comercial no RS afeta exportações e ações de empresas do setor de proteínas
Na última sexta-feira, 19, o Ministério da Agricultura confirmou um surto de gripe aviária (H5N1) em uma granja comercial, localizada em Montenegro, Rio Grande do Sul. O caso gerou preocupações no setor agropecuário, especialmente entre os frigoríficos, devido ao impacto nas exportações e nas ações das empresas envolvidas.
Quais ações de frigoríficos serão impactadas pela suspensão da venda de frango?
A BRF (BRFS3), dona das marcas Sadia e Perdigão, e a JBS (JBSS3), proprietária da marca Seara, tendem a ser mais impactadas pelo novo surto de gripe aviária no RS.
Por ser a maior acionista da BRF, a Marfrig (MRFG3) também pode ser afetada, embora de forma mais branda. Por fim, a Minerva (BEEF3), que atua apenas com carne bovina (e ovina na Austrália), não deve ser impactada.
As ações desses frigoríficos, pelo menos, ainda não foram impactadas pelo noticiário negativo. Na verdade, tanto BRFS3 como JBSS3 e MRFG3 subiram desde que as primeiras notícias sobre a doença começaram a circular no país, no dia 15 de maio.
As ações da Marfrig, por exemplo, subiram +19,1% desde então. Vale ressaltar que, nesse meio-tempo, a companhia anunciou a fusão com a BRF e a criação da MBRF, animando o mercado quanto a potenciais sinergias futuras entre as empresas.
Ainda que o mesmo mercado não tenha precificado as ações da BRF da mesma forma, as mesmas não foram impactadas pelos casos de gripe aviária (mesmo sendo a mais sensível no setor) e acumulam alta de +2,0% no mesmo período.
Por fim, as ações da JBS também subiram (+7,4%), em movimento claro de recuperação após os resultados do 1T25 terem decepcionado seus investidores.
China mantém embargo à carne de frango do Brasil
A China, maior cliente do Brasil, suspendeu temporariamente as importações de carne de frango do Brasil por 60 dias. Essa suspensão segue o protocolo sanitário vigente entre os dois países, que prevê o embargo nacional em caso de detecção da doença.
O Brasil está negociando com o país asiático para que o embargo seja restrito apenas à região afetada, conforme práticas adotadas por outros países importadores.
Segundo um levantamento preliminar do governo, 35 países pararam de receber exportações da ave, além de Hong Kong. Veja alguns desses países:
- Argentina
- África do Sul
- Bolívia
- Canadá
- China
- Chile
- Coreia do Sul
- Malásia
- Marrocos
- México
- Paquistão
- Peru
- República Dominicana
- Rússia
- Sri Lanka
- União Europeia
- Uruguai
Como essa queda impacta os investidores?
Ainda que não tenha gerado impactos negativos nas ações, os casos de gripe aviária levantam um alerta para as empresas brasileiras do setor de frigoríficos reforçarem suas operações para evitar uma crise sanitária no país. Com o aumento do risco, ações da BRF, Marfrig e JBS, que atuam com a produção de aves, podem ser pressionadas.
O que esperar para o setor de frigoríficos nos próximos meses?
Ainda é cedo para avaliar os impactos da doença nos resultados dessas empresas. Contudo, se, de fato, existir um impacto severo em seus números e margens, o mesmo não demorará para ser precificado nas ações dos frigoríficos.
Mesmo que o setor como um todo esteja apresentando resultados satisfatórios nos últimos trimestres, a gripe aviária poderá interromper momentaneamente o movimento de recuperação financeira dessas companhias.
Seguiremos atentos aos desdobramentos do noticiário e, em caso de impactos significativos no setor, voltaremos a nos posicionar por aqui. No momento, seguimos sem qualquer recomendação de compra para as ações de frigoríficos.