Hims & Hers (HIMS) desafia gigantes farmacêuticas e ação sobe 55%
A startup que desafiou gigantes com medicina digital e virou queridinha (e polêmica) de Wall Street
Você sabe qual é o modelo de negócio mais imitado na história? Não existe ainda um levantamento preciso quanto a isso, mas muitas fontes alegam ser o McDonald’s. Um modelo de negócio simples e escalável — servir comida de qualidade duvidosa de forma rápida e barata.
No entanto, ao analisar os últimos 20 anos, é provável que o modelo de negócio mais replicado tenha sido o da Amazon — ou, mais precisamente, o modelo de digitalização das experiências dos consumidores.
No segmento de varejo on-line, destaca-se a Amazon como principal referência. Na América do Sul, especialmente no Brasil, o Mercado Livre exerce papel semelhante — inicialmente mais próximo do modelo do eBay, mas que, ao longo do tempo, passou a adotar uma estratégia alinhada à da Amazon. Na Coreia do Sul, o destaque é o Coupang. Já na China, diversas empresas atuam fortemente nesse setor, como JD.com, Alibaba e Pinduoduo, entre outras.
Temos outras vertentes dessa mesma tendência. A Netflix digitalizando a experiência de ir a uma locadora e selecionar DVDs para o final de semana, Spotify com CDs, entre tantas outras.
Dentro dessa tendência de digitalização, uma empresa vem tentando disruptar o caro sistema de saúde norte-americano por meio de uma digitalização da experiência do paciente. Trata-se da Hims & Hers, que vem se dedicando a transformar tratamentos médicos em um modelo de assinatura on-line.
A Hims & Hers
Fundada em 2017, a Hims & Hers é uma plataforma de telemedicina que viabiliza um processo de atendimento verticalizado entre o paciente e a solução (medicamentos). A plataforma online da companhia dá acesso aos pacientes a diversos tratamentos com acompanhamento médico e com a opção de ter as soluções entregues à porta de suas casas.
Dentre os tratamentos oferecidos, a plataforma já conta com: doenças relacionadas à saúde sexual, perda de cabelo, tratamentos dermatológicos, saúde mental e tratamento para controle de peso.
O modelo da empresa opera 100% digital. O processo para o cliente tem início com a criação de um cadastro on-line e se estende até a etapa de triagem, na qual cada usuário informa suas necessidades e define seus objetivos ao utilizar o aplicativo.
Após determinar quais das questões acima o usuário quer solucionar, o aplicativo conectará o paciente a um médico licenciado para dar prosseguimento ao atendimento.
Uma vez feita a triagem, a consulta e os exames necessários para a avaliação médica completa, o paciente irá receber uma receita médica com soluções personalizadas às suas necessidades.
Assim, a pessoa poderá optar por receber em casa seus medicamentos enviados pela empresa ou encomendar manipulados que possuam características adicionais personalizadas para cada paciente.
A assinatura que pode mudar o setor de saúde
Apesar de ser uma plataforma de telemedicina, a monetização da empresa é muito similar à de tantas outras companhias de tecnologia: um modelo de assinatura. Dessa forma, a pessoa paga um valor por um período e recebe mensalmente seus medicamentos já dosados para suas necessidades.
Além de facilitar a vida do paciente, economizando o tempo e a necessidade de controlar a quantidade e ir a uma farmácia para realizar a compra, a empresa gera receitas recorrentes por paciente.
Nesse modelo, dois números fundamentais para a avaliação da empresa e de seu desenvolvimento são o número de assinantes e a média de receitas mensais por assinante. É semelhante a empresas como Netflix e Spotify.
O segredo por trás do salto em 2024
Uma vez que temos dois parâmetros centrais que norteiam as receitas da empresa, ficam claros quais são as avenidas que a companhia pode explorar para obter crescimento.
Para crescer o número de assinantes e as receitas por paciente, ela deve estar constantemente introduzindo novas soluções e tratamentos à sua plataforma. Em 2024, foi lançado um novo tratamento que deu o que falar.
GLP-1: sucesso com efeitos colaterais
Em maio de 2024, a empresa introduziu tratamentos para obesidade por meio de medicamentos GLP-1 (versões manipuladas de medicamentos à base da semaglutida, como o Ozempic e o Wegovy).
Essa adição trouxe inúmeros novos pacientes para a plataforma (a companhia não revela em números), impulsionando o crescimento dos resultados da Hims & Hers e uma forte valorização das ações ao longo de 2024 e 2025. Em um primeiro momento, um cenário bastante favorável para a empresa e seus acionistas.
Mas o novo assédio do mercado não foi apenas positivo. A introdução desse tipo de medicamento aumentou muito as atenções do mercado à empresa, e junto aos elogios vieram inúmeras críticas. Especialmente pela Hims & Hers se colocar em uma posição de competição com gigantes farmacêuticas como a Novo Nordisk e a Eli Lilly.
A polêmica que colocou a ação na mira dos investidores
Durante os últimos 12 meses, a empresa e o fluxo de notícias ao redor dela vêm sendo bem polarizados. Do lado dos fundamentos, a companhia se beneficiou da alta demanda do mercado por medicamentos de emagrecimento a um preço mais acessível que os produtos de marcas.
Por outro lado, surgiram críticas significativas quanto à disparidade da qualidade dos produtos na comparação com os “originais” e também um questionamento da legitimidade da companhia em fazer essas vendas de produtos patenteados por outras companhias.
Por conta disso, as ações da empresa chegaram a se valorizar mais de +200% em 2025, antes de despencar -50% de suas máximas.
Essa oscilação reflete um embate entre os entusiastas da companhia, que acreditam em seu potencial para digitalizar de forma bem-sucedida o setor de saúde, e os críticos, que enxergam uma empresa que traz muitos riscos de não dar certo e que pode receber uma retaliação por parte das grandes corporações do setor.
Para deixar os riscos ainda mais em pauta, recentemente, a Eli Lilly lançou diversos processos contra farmácias de manipulação que fizeram a venda da Tirzepatida (princípio ativo do Mounjaro e Zepbound).
A Hims & Hers não fez a venda da Tirzepatida, mas levantou-se um receio de que a Novo Nordisk poderia seguir esse mesmo caminho com relação a ela.
Mas não foi o caso. Muito pelo contrário.
Um novo capítulo? Parceria com Novo Nordisk
No Nord Global, desde que compramos ações da Hims & Hers, o risco de um litígio sempre foi um dos nossos maiores pontos de atenção — mesmo com a empresa realizando suas vendas amparada pela lei e pelas regras do FDA. Isso porque, quando um medicamento está em falta no mercado, o órgão regulador permite que farmácias de manipulação façam a venda.
No entanto, diante dos processos movidos pela Eli Lilly contra farmácias de manipulação, um precedente poderia ter sido aberto.
Nesta semana, a companhia fez um anúncio muito importante para a manutenção da distribuição de suas soluções para o emagrecimento, ao mesmo tempo em que reduziu significativamente o risco de um litígio. A Hims & Hers fez uma parceria de longo prazo com a Novo Nordisk.
A parceria disponibiliza, dentro da plataforma da Hims & Hers, o acesso ao NovoCare — que inclui todas as versões do Wegovy + assistência médica da Hims por US$ 599 por mês (ou mais).
Além da semaglutida, essa parceria pode adicionar um maior leque de oferta de produtos da Novo Nordisk para os clientes da Hims & Hers — tanto existentes quanto os que estão para serem desenvolvidos.
Uma junção de desenvolvimento e distribuição. Excelente parceria para ganhar um leque de produtos maior e também um atestado de qualidade ao se juntar com uma empresa excepcional como a Novo Nordisk.
Destaque em Wall Street
Por esse motivo, as ações da Hims & Hers registraram uma valorização de +23% na terça-feira, 29 de abril, data em que foi anunciada a parceria. Com esse movimento, os papéis já acumulam uma alta de +55% no ano, mesmo em um cenário adverso para o mercado acionário nos Estados Unidos.
Enquanto o S&P acumula uma queda de -4% no ano, a série Nord Global acumula +9,9% de valorização no mesmo período. Um dos destaques por trás desse resultado é a ação da HIMS, que ajudou a puxar nossa performance — e seguimos otimistas com os próximos meses.
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