Ambipar (AMBP3) entra com pedido de recuperação judicial no Brasil e nos EUA

Ambipar pede recuperação judicial no Brasil e nos EUA após crise de governança, dívida bilionária e risco de colapso. Entenda o que está acontecendo

Fabiano Vaz 21/10/2025 14:00 4 min
Ambipar (AMBP3) entra com pedido de recuperação judicial no Brasil e nos EUA

A Ambipar (AMBP3) está enfrentando uma grave crise financeira e de governança. Nesta terça-feira, 21, a companhia protocolou pedido de recuperação judicial no Brasil e abriu processo sob o Chapter 11 nos Estados Unidos, em uma tentativa de ganhar fôlego para reestruturar suas dívidas e manter suas atividades.

Recuperação judicial da Ambipar

A Ambipar protocolou a solicitação na 3ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, com aprovação emergencial do conselho de administração. Paralelamente, a unidade internacional da empresa, a Ambipar Emergency Response, sediada nas Ilhas Cayman, também entrou com pedido de proteção judicial sob o Chapter 11 nos EUA. 

O que causou a crise da Ambipar?

A crise da Ambipar foi provocada por uma soma de fatores. Entre os principais fatores estão suspeitas de irregularidades em operações financeiras realizadas pela antiga diretoria, especialmente em contratos de swap. 

Além disso, a renúncia repentina do diretor financeiro, somada à pressão dos credores para antecipação dos vencimentos das dívidas, aumentou o risco de colapso financeiro. 

Em setembro, a empresa já havia conseguido uma decisão judicial para suspender temporariamente a cobrança dos credores, diante do risco de vencimentos cruzados de contratos que poderiam ultrapassar R$ 10 bilhões. 

Alavancagem e estratégia de crescimento agressiva

A empresa apostou alto em uma estratégia de crescimento agressivo por meio de aquisições e operações financeiras complexas, incluindo a emissão de dívidas em dólar. Com a alta dos juros e a volatilidade cambial, essa estratégia se tornou insustentável. 

Além disso, a governança da empresa foi posta em xeque com a saída de executivos-chave e o início de auditorias independentes para apurar possíveis irregularidades. Com o pedido de recuperação judicial, a Ambipar ganha tempo para reorganizar suas finanças e negociar com os credores. 

Pressão dos credores e risco de colapso

A expectativa é que a empresa apresente um plano de reestruturação que envolva prazos mais longos para pagamento das dívidas, possível venda de ativos e revisão de contratos. No segundo trimestre de 2025, a Ambipar apresentou um resultado financeiro líquido negativo de R$469,6 milhões, diante de um aumento de +129,8% em suas despesas financeiras, e uma dívida líquida de R$ 5,99 bilhões, alta de +27,1%.

As operações da companhia continuam funcionando, segundo comunicado oficial, mas o risco de insolvência ainda é alto.

A crise também afeta o mercado de forma mais ampla. A situação da Ambipar serve como alerta para investidores e analistas sobre os riscos de empresas com forte alavancagem financeira, dependência de mercados internacionais e estruturas de dívida complexas. 

Além disso, coloca em xeque a imagem de companhias que se posicionam como referência em ESG, mas que não mantêm práticas sólidas de governança e transparência. 

O que fazer com as ações da Ambipar (AMBP3): vale a pena vender ou manter?

O cenário atual da Ambipar é de alta incerteza. A companhia acumulou uma dívida bilionária, parte dela em dólar, e enfrenta pressão dos credores para renegociar prazos e condições de pagamento.

Além disso, o pedido de recuperação judicial suspende temporariamente as cobranças, mas não resolve o problema estrutural, apenas adia as obrigações.

Com isso, o mercado precifica um risco elevado de insolvência e incerteza sobre a capacidade de execução do plano de reestruturação. Enquanto as auditorias independentes não apresentarem seus relatórios, a transparência sobre a real situação financeira segue limitada.

Soma-se à governança corporativa em cheque,  temos um ambiente de baixa confiança, e por isso é natural que as ações reflitam a desconfiança dos investidores institucionais e apresentem volatilidade acentuada.

Diante das incertezas quanto ao futuro da companhia, do ponto de vista de endividamento, operacional e gestão, não recomendamos a posição na companhia.

O que esperar nos próximos meses?

Nos próximos meses, o mercado deve acompanhar de perto os desdobramentos da recuperação judicial, incluindo as negociações com credores, a análise dos relatórios da auditoria contratada e os impactos sobre o valor das ações (AMBP3) e dos títulos emitidos pela companhia.

Reforçamos que, no momento, não temos recomendação de compra para as ações da companhia.

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