Allos (ALOS3) lucra R$ 278 milhões no 1T25, salto de 304% em doze meses

Empresa combina geração de caixa robusta, recompra de ações e captação eficiente, mas múltiplos ainda não oferecem prêmio claro

Danielle Lopes 15/05/2025 11:37 4 min
Allos (ALOS3) lucra R$ 278 milhões no 1T25, salto de 304% em doze meses

A Allos (ALOS3) reportou resultados acima do consenso de mercado, com uma receita líquida de R$ 618 milhões no 1T25, um crescimento de 5,3%, um Ebitda de R$ 443 milhões, 5% de alta e um lucro líquido de R$ 242 milhões, +304% de alta. Todos os resultados foram comparados com o mesmo período em relação ao ano anterior.

Eventos não recorrentes impulsionam resultado do 1T25

Para análise, foram considerados o desempenho financeiro ex-ajuste aluguel linear para evitar distorções do resultado.

Destaques do 1T25. Fonte: Allos RI

A receita líquida foi de R$ 618,4 milhões, o que representa um avanço de 5,3% em relação ao mesmo período de 2024. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pela retomada gradual das receitas de locação, especialmente do aluguel mínimo, que atingiu R$ 372,7 milhões, com alta de 3,9%, além do bom desempenho nas receitas com estacionamento e mídia, que cresceram 9,4% e 8,4%, respectivamente.

O Ebitda ajustado somou R$ 443,3 milhões, com aumento de 5,0% na comparação anual. A margem Ebitda ficou praticamente estável, em 71,7%, ligeiramente abaixo do registrado no 1T24 (71,9%). Esse desempenho reflete não só o crescimento das receitas, mas também a disciplina nas despesas operacionais, que cresceram abaixo da inflação. 

Além disso, o resultado foi beneficiado por receitas não recorrentes ligadas à venda de participações minoritárias em shopping centers e à reversão de provisões, o que impulsionou o lucro líquido para R$ 278,1 milhões — um salto de 118,3% sobre o 1T24 consolidado.

Segundo o relatório da própria ALLOS, as “outras receitas/despesas operacionais não recorrentes” somaram R$ 84,9 milhões no trimestre. O detalhamento mostra:

  • Ganho líquido na venda de participações: R$ 90,3 milhões
  • Reversão de provisões: R$ 0,8 milhão
  • Despesa com plano de retenção de executivos (não caixa): R$ -6,2 milhões

Portanto, o lucro líquido recorrente estimado no 1T25 foi de R$ 193,2 milhões, o que ainda representa um crescimento expressivo frente ao lucro de R$ 127,4 milhões no 1T24 (+52%), mas bem inferior ao salto de +118% do resultado contábil total.

Programa de recompra em foco

No campo financeiro, a companhia reportou crescimento de 3,8% no FFO (Funds From Operations), que atingiu R$ 274,7 milhões. O FFO por ação cresceu 13,2% no período, efeito direto das recompras de ações realizadas nos últimos 12 meses, que reduziram o número de ações em circulação. A margem FFO, porém, apresentou leve retração de 63 pontos-base, impactada pelo aumento das despesas financeiras, que cresceram 35,9% devido à alta da taxa Selic (de 10,75% para 14,75%).

A companhia encerrou o trimestre com R$ 3,18 bilhões em caixa e aplicações financeiras, frente a uma dívida bruta de R$ 6,69 bilhões. A dívida líquida ficou em R$ 3,52 bilhões, resultando em uma alavancagem medida pelo indicador dívida líquida/Ebitda de 1,8x – um patamar considerado confortável. 

A empresa segue focada na gestão eficiente do passivo, com destaque para a emissão de um CRI de R$ 625 milhões a um custo inferior ao CDI (99,5%), além do pré-pagamento de R$ 532 milhões em debêntures mais caras, o que contribuiu para o alongamento do perfil da dívida e redução do custo médio.

O que esperar de Allos em 2025?

Em relação às perspectivas, a Allos manteve seu guidance de Ebitda para 2025 entre R$ 2,07 bilhões e R$ 2,15 bilhões. 

A distribuição de proventos também segue consistente: foram pagos R$ 153 milhões em dividendos e JCP no 1T25, e mais R$ 153 milhões foram aprovados para pagamento ao longo do 2T25. O dividend yield dos últimos 12 meses é de 3,1%.

A empresa ainda destaca seu pipeline de projetos multiuso, com 64 torres planejadas que somam R$ 5,8 bilhões em VGV, reforçando a estratégia de diversificação de receitas.

Apesar dos avanços, alguns pontos exigem atenção. A exposição da dívida ao CDI segue elevada (97,9%), o que deixa a empresa sensível à manutenção de juros altos por períodos prolongados. Além disso, a continuidade dos desinvestimentos pode limitar o crescimento da receita futura, caso não haja contrapartidas equivalentes em novas aquisições ou desenvolvimentos.

Com a exposição elevada ao CDI, negociando com um prêmio semelhante a IPCA + 7% (FFO yield de 10%), não existe compensação de investimento que justifique a compra das ações da companhia, por este motivo, não recomendamos compra para as ações de ALOS3.

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