Ações que mais caíram em setembro: MGLU3, BHIA3 e PCAR3 estão entre elas

Nenhum setor no Ibovespa está enfrentando um 2023 pior do que as varejistas. Veja nossa análise.

Victor Bueno 02/10/2023 12:59 5 min Atualizado em: 02/10/2023 19:19
Ações que mais caíram em setembro: MGLU3, BHIA3 e PCAR3 estão entre elas

O pregão da última sexta-feira, 29, foi importante para que o IBOV não encerrasse mais um mês no negativo, tendo fechado setembro em alta de +0,71%.

Após terem quase zerado seus ganhos de 2023 ao longo de setembro, o IBOV agora acumula alta de +6,22% no ano.

Os ganhos, entretanto, seriam ainda maiores se não fosse por alguns fatores.

As 5 ações do Ibovespa que mais caíram em setembro são:

  1. Grupo Casas Bahia (BHIA3)
  2. GPA (PCAR3)
  3. Magazine Luiza (MGLU3)
  4. Vamos (VAMO3)
  5. Lojas Renner (LREN3)

Veja também:

Entenda o que limita os ganhos do Ibovespa

O principal fator que vem “emperrando” a bolsa brasileira desde junho (mas que também havia sido um dos motivadores do rali de alta de março) é o fluxo de investimento estrangeiro.

Já não é mais nenhuma novidade que os investidores locais ainda nem começaram a entrar na nossa bolsa, por motivos que vão desde uma maior aversão ao risco até o fato de que muitos deles ainda estão “presos” a instrumentos de renda fixa.

Para ajudar, o investidor estrangeiro que havia entrado há alguns meses mudou de ideia e passou a retirar seu dinheiro de solo brasileiro, principalmente em função de uma potencial elevação do risco fiscal no país.

Fluxo estrangeiro cai em 2023 puxando IBOV
Fonte: Bloomberg

Além do “fator gringo”, setembro também foi marcado por uma nova reunião do Copom e, mesmo com mais um corte da Selic, isso não foi o suficiente para a bolsa voltar a engrenar.

A verdade é que o mercado já havia precificado o novo corte, o que ele não esperava era um tom mais duro por parte do Banco Central, que tratou de praticamente anular as chances de uma possível aceleração do ciclo de queda dos juros no Brasil.

Os receios de Campos Neto e sua turma em relação aos gastos do governo e o controle inflacionário no país fizeram com que os juros futuros fossem reajustados para cima — o que, consequentemente, jogou a bolsa para baixo.

Gráfico comparativo IBOV e juros futuro
Fonte: Bloomberg

Soma-se a isso o tom mais duro que também foi passado pelo Banco Central nos Estados Unidos, que deverá manter os juros americanos em patamares elevados por mais tempo e não descartou um possível novo aumento.

Com isso, os juros futuros por lá continuaram a subir e atingiram seus maiores níveis dos últimos 15 anos.

Aqui, a correlação inversa é a mesma: juros americanos para cima, bolsa americana para baixo. Infelizmente, a bolsa brasileira também acaba acompanhando esse movimento.

Gráfico mostra juro longo americano de 10 anos desde 1983
Fonte: Bloomberg

Mesmo com muitos ventos contrários, nosso principal índice acionário encerrou setembro no verde. Sim, a alta poderia ter sido mais expressiva, mas os últimos pregões alimentaram certa esperança para os investidores brasileiros de que outubro poderá ser um mês melhor.

A melhora, porém, passará por uma retomada do fluxo e por uma melhor percepção dos juros, tanto no Brasil quanto nos EUA. Agora, só nos resta aguardar.

Enquanto isso, vamos ver quem (mais) sofreu no último mês.

As 5 ações do Ibovespa que mais caíram em setembro são:

1. Grupo Casas Bahia (BHIA3)

O mês que passou foi marcado pela mudança de nome (mais uma) da Via, que passou a se chamar Grupo Casas Bahia. O movimento faz parte da reestruturação operacional e financeira que a companhia vem atravessando e que ganhou novos capítulos em setembro, incluindo um novo follow-on, em que captou R$ 620 milhões.

A captação, contudo, ficou abaixo do previsto inicialmente pela varejista. Mesmo que a nova gestão esteja confiante quanto ao seu futuro, o mercado ainda possui dúvidas de que a empresa conseguirá dar a volta por cima. Como o follow-on foi precificado com um desconto de 28%, as ações reagiram mal no mês e caíram -50,39% — no ano, já acumulam baixa de -74%.

Ações BHIA3 caem 74% em 2023
Fonte: Bloomberg

2. GPA (PCAR3)

Mais uma vez marcando presença na lista de maiores baixas, o GPA (dono do Pão de Açúcar) viu suas ações desvalorizarem -29,15% em setembro, com incertezas com relação à companhia após cisão do Grupo Éxito, que pressionaram algumas instituições a rebaixarem suas recomendações para PCAR3 e reduzirem seu preço-alvo.

3. Magazine Luiza (MGLU3)

Pegando o bonde de uma de suas principais concorrentes, o Magalu ficou em terceiro lugar no ranking negativo do Ibovespa, mesmo após o novo corte da Selic tão pedido por Luiza Trajano. A queda de -23,19% deve-se, principalmente, à alta dos juros futuros, que pressionaram fortemente as ações do varejo (um dos setores mais sensíveis ao consumo).

4. Vamos (VAMO3)

Uma das estreantes na nova composição do Ibovespa, a Vamos passou por algumas duras revisões de suas perspectivas, com nomes como o Itaú apontando alguns sinais desafiadores para as operações e resultados da companhia e o JPMorgan cortando sua recomendação de VAMO3 para “neutra”. Em setembro, suas ações caíram -16,82%.  

5. Lojas Renner (LREN3)

Por fim, mais uma varejista para compor o Top 5 de maiores baixas do mês: a Lojas Renner, cujas ações caíram -15,44% em setembro. A queda pode ser explicada, além do fator de elevação dos juros futuros, pelas novas regras de taxação de compras feitas no exterior, que beneficiam algumas concorrentes estrangeiras.

Vale destacar que, apesar disso, a varejista segue entregando boa visibilidade de crescimento de resultados para seus acionistas e está negociando em seus menores múltiplos dos últimos anos, abrindo uma boa oportunidade no momento para os investidores que desejam abrir ou aumentar posição em LREN3.

Compartilhar