PETR4, PRIO3, RECV3 e BRAV3 em queda. O que fazer agora?

Com petróleo em queda e ações pressionadas, o mercado pode estar ignorando oportunidades em PETR4, PRIO3, RECV3 e BRAV3. Saiba como agir

Fabiano Vaz 14/10/2025 10:37 6 min
PETR4, PRIO3, RECV3 e BRAV3 em queda. O que fazer agora?

Nos últimos meses, as ações das petroleiras brasileiras foram engolidas por uma narrativa pessimista: fluxo fraco para commodities, aumento da oferta, revisões na demanda global e incertezas sobre a economia mundial.

O mercado “abraçou” esse pessimismo e as petroleiras brasileiras sentiram o baque. Em 2025, a Brava Energia (BRAV3) apresentou a maior queda no período, com desvalorização acumulada de -31%, seguida pela PetroReconcavo (RECV3), que recuou -20% no ano. Já a Petrobras (PETR4) e a Prio (PRIO3) tiveram desempenho menos acentuado, com quedas de -9,9% e -9,8%, respectivamente.

Fonte: Bloomberg

O mercado é impiedoso, mas pode ser generoso com quem sabe esperar.

Por trás da queda das ações, existem fatos que o mercado acaba ignorando no curto prazo, e que exploramos em busca de oportunidades.

O que derrubou o petróleo em 2025?

Os últimos meses foram marcados por forte volatilidade na commodity, puxada por incertezas na demanda, desaceleração global e tensões geopolíticas. 

Esse movimento foi influenciado por alguns fatores:

  • Aumento da oferta global pelos países da OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Desde o início deste ano, a organização já anunciou aumentos relevantes na oferta da commodity, travando uma guerra no setor para pressionar os países produtores que excederam as metas de produção e recuperar a participação perdida para o xisto norte-americano.
  • Expansão da produção de petróleo nos EUA, visando reduzir sua dependência das exportações e pressionar países como a Rússia, por meio de preços mais baixos.
  • Sinais de desaceleração das principais economias mundiais, afetando projeções de demanda para a commodity.
  • Tensões geopolíticas, principalmente no Oriente Médio, com a escalada do conflito no Irã.

Atualmente, o Brent opera no patamar de US$ 62, acumulando queda de -16,9% no ano e -20% em doze meses.

Fonte: Bloomberg

As petroleiras brasileiras: entre geração de caixa e paciência

Em meio à forte oscilação do preço do petróleo, as petroleiras brasileiras foram impactadas. O preço de tela é apenas um reflexo dessa influência. 

Mas cada petroleira carrega um conjunto de forças e fragilidades próprias — e é aí que mora a diferença entre preço e valor.

Petrobras (PETR4): caixa farto, mas um sócio difícil

A Petrobras continua sendo uma máquina de geração de caixa. Apesar de ser o destaque negativo no 2T25, a estatal entregou um fluxo de caixa livre de US$ 3,4 bilhões (-44% a/a) e comunicou a distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) no valor total de R$ 8,66 bilhões naquele trimestre.

Por outro lado, o investidor da Petrobras precisa conviver com interferências políticas, incertezas sobre dividendos e dúvidas em relação à alocação de capital da companhia.

As perspectivas são incertas. Além do preço do petróleo e dos riscos de uma estatal, 2026 será um ano eleitoral.

No curto prazo, o investidor da petroleira vai precisar conviver com volatilidade e entender que, tratando-se de Petrobras, o mercado precifica tanto o barril quanto Brasília.

PetroReconcavo (RECV3): disciplina e eficiência

A PetroReconcavo se destaca pela boa gestão e eficiência operacional. A empresa impulsionou sua geração de caixa nos últimos trimestres por meio do baixo endividamento e da boa execução no onshore brasileiro.

O problema é o crescimento. Atualmente, a produção média da PetroReconcavo é de 29,7 mil barris por dia. Com os investimentos orgânicos que vêm sendo realizados, espera-se um pico de 39,5 mil barris por dia em 2029 (+50%). 

Contudo, a companhia ainda não proporciona um salto relevante em sua produção, como acompanhamos nas outras juniores brasileiras.

No 1º semestre deste ano, a PetroReconcavo acumulou um fluxo de caixa livre de R$ 105,3 milhões, representando um free cash flow yield (fluxo de caixa livre pelo valor de mercado) de 14%.

A forte geração de caixa se traduz em uma distribuição de dividendos interessante, mas longe de ser aquele papel defensivo que o investidor dessa estratégia está habituado.

Brava Energia (BRAV3): promessa em construção

Pode não fazer sentido, mas provavelmente a Brava vive seu melhor momento desde o IPO.

A empresa atingiu recordes de produção, totalizando uma média de quase 92 mil barris diários no 3T25. Além disso, entregou alguns avanços operacionais nos últimos dois trimestres.

O 2T25 confirmou que a Brava de 2025 é muito diferente da Brava (e da 3R) de outros anos, que apenas prometia e raramente entregava. 

Hoje, com operações e resultados mais estáveis, conseguimos ter uma visibilidade mais clara do que vem pela frente.

Entretanto, a Brava ainda precisa provar que esses resultados são sustentáveis, reduzir sua alavancagem, impulsionar a geração de caixa e, quem sabe, se transformar em uma dividendeira. 

Apesar da nossa visão positiva, ainda precisamos de recorrência nas entregas da Brava.

Prio (PRIO3): a gigante em expansão

Por fim, a Prio continua sendo o caso mais promissor do setor privado. A empresa está no meio de um ciclo de crescimento robusto, com perspectiva de praticamente dobrar sua produção, superando os 200 mil barris diários em 2026. 

A fotografia do trimestre (2T25) não representa os diversos avanços importantes que ocorreram no período e nem as perspectivas positivas para a companhia. A empresa reforçou a visibilidade de crescimento com as operações de Peregrino e Wahoo, que entrarão em produção no próximo ano, impulsionando sua geração de caixa.

Apesar dos desafios recentes, entre as petroleiras listadas, é a que combina melhor crescimento e eficiência. Mas, como todas as outras juniores, o curto prazo pode ser de volatilidade e não traduzir a perspectiva positiva.

Paciência é o nome do jogo

Se você está posicionado nas petroleiras, vai precisar de paciência e estômago para enfrentar a volatilidade.

Aqui aproveitamos para fazer um mea-culpa: talvez tenhamos elevado as expectativas. 

Vamos deixar o “agora vai” e trazer mais racionalidade. Afinal, paciência é o nome do jogo.

O valor e o preço se movem em tempos diferentes, principalmente em teses que são sensíveis aos preços internacionais.

Para se ter uma ideia, há um ano, a curva do petróleo precificava a commodity hoje em cerca de US$ 75. 

Fonte: Bloomberg

No curto prazo, o mercado parece que continuará abraçando a narrativa de um cenário negativo para o petróleo.

Mas, no longo prazo, o mercado volta a fazer o que sempre faz: precificar as empresas que geram valor aos seus acionistas.

Por isso, a frase inicial continua valendo: não compre petroleiras, a menos que tenha paciência.

Porém, para os investidores de longo prazo, as oportunidades estão dadas para todos os perfis.

Oportunidades para quem tem visão de longo prazo

Para aqueles que gostam de crescimento, Prio (PRIO3) e Brava (BRAV3) são boas oportunidades. Já para quem procura dividendos, a PetroReconcavo (RECV3) é a nossa preferência.

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