7 insights de Luis Stuhlberger, o melhor gestor do Brasil, para tomar as melhores decisões de investimento

Luis Stuhlberger fala de pontos importantes para se antecipar ao mercado e avaliar os riscos de acordo com o cenário macroeconômico

Marilia Fontes 01/06/2023 14:06 4 min Atualizado em: 02/06/2023 12:35
7 insights de Luis Stuhlberger, o melhor gestor do Brasil, para tomar as melhores decisões de investimento

Na quarta-feira, 31, estive presente na reunião anual da Verde Asset. A Verde Asset é a gestora que toca o fundo Verde, um dos multimercados mais longevos do Brasil, com quase três décadas de performance.

Luis Stuhlberger é um gestor responsável, considerado um dos melhores gestores do Brasil. Ele é figurinha garantida em todo grande evento do mercado financeiro e sempre muito requisitado a falar de seus insights sobre o cenário macroeconômico.

Vou comentar, a seguir, sobre os 7 pontos que mais me chamaram a atenção nesse evento e que acho importante você ter em mente para surfar os próximos meses de mercado financeiro.

1. O estímulo monetário dado na crise foi sem precedentes

Essa liquidez extra introduzida pelos bancos centrais do mundo foi parar nos bancos, que tiveram que comprar títulos do governo em grande volume e a taxas bem baixas.

Essa alta liquidez também elevou a poupança das famílias, que estão bem capitalizadas, reduziram sua propensão a procurar emprego e pressionaram os salários pela dificuldade de encontrar candidatos.

2. Tivemos o aperto monetário mais rápido da história americana

Com o surgimento da inflação, tivemos o aumento de juros mais rápido da história.

Essa rapidez gerou várias consequências, entre elas a piora do capital dos bancos, composto por títulos públicos comprados a taxas muito baixas.

Os grandes bancos estão mais bem preparados para surfar esse cenário desafiador, depois de muita regulação pós 2008. Mas os bancos pequenos não foram regulados e, além desse problema de desvalorização do patrimônio, eles também têm problema de passivo.

Apesar disso poder ser um foco de instabilidade, está mais circunscrita aos bancos pequenos, que representam uma fatia muito pequena nos empréstimos em geral (tirando os commercial loans).  

Não veem um cenário à la 2008, com uma crise de crédito. Acreditam ser algo pontual, que até pode ter novas vítimas, mas com baixa contaminação.

3. O cenário global vai desacelerar

Com esse aumento de juros, é razoável esperar que teremos uma desaceleração econômica. O timing disso é difícil de antecipar pois, por enquanto, as famílias ainda têm metade da poupança adquirida na pandemia e o desemprego está muito baixo.

Apesar disso, eles acreditam que a bolsa americana já estaria precificando esse cenário mais desafiador da economia. Isso só não aparece na cotação do índice geral porque as 7 Big Techs estão subindo bastante e com múltiplos bem altos.

Na Europa, temos o mesmo efeito, mas com empresas de luxo.

4. O Arcabouço fiscal brasileiro foi uma notícia boa

Em governos do PT, o gasto público cresceu em média 6% acima da inflação. Ou seja, um arcabouço com uma trava de crescimento em 2,5% é, sim, uma notícia boa.

Caso isso acontecesse, não seria só um dos menores crescimentos reais de gastos do governo PT mas também da história brasileira.

Isso já é suficiente para retirar do jogo o cenário pessimista de cauda e nos garantir pelo menos mais 2 anos de tranquilidade macroeconômica.

Isso é o suficiente para deixar o pessoal lá bem otimista em relação à atividade e à surpresa positiva de PIB que poderemos ver daqui para frente.

5. Otimismo para a bolsa

Se os juros não vão atrapalhar e a economia pode surpreender positivamente, então temos um cenário bem positivo para a bolsa.

As ações brasileiras estão precificadas a preços muito baixos para o padrão histórico e a noção de que em algum momento poderemos ter um ciclo de queda na Selic pode ser o gatilho para essa melhora.

6. Mercado de crédito está voltando

Após o evento de Lojas Americanas e Light, tivemos uma queda de liquidez no mercado de capitais e uma redução do crédito para a pessoa jurídica.

Apesar de os juros altos terem aumentado as despesas financeiras das empresas, elas ainda estão com alavancagem baixa para padrões históricos. Ou seja, é um problema de liquidez, e não de solvência.

Mas já estão vendo indícios de que o crédito está melhorando. Começando pelos spreads de crédito que recentemente começaram a cair.

7. Restam algumas dúvidas

Algumas dúvidas ainda intrigam a equipe do Verde, por exemplo, por que a política monetária no Brasil e no mundo está demorando tanto tempo para fazer o efeito esperado?

Outra dúvida seria por que os gringos não entraram comprando bolsa brasileira nas mínimas nesse ciclo de queda, enquanto eles eram os principais compradores em todos os outros ciclos?

É sempre bom conversar sobre macro.

Juntando todos os pontos, volto a reforçar que é sempre bom dar uma repassada no cenário macro.

O macro é o guia para nos tirar das furadas e das assimetrias negativas do mercado.

Ouvir bons economistas e gestores certamente sempre nos ajuda a dar uma oxigenada nos nossos próprios pensamentos.

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